Apesar de ser amplamente divulgada, a vacina que previne contra o vírus do papiloma humano (HPV) ainda gera muita desconfiança na população. Essa imunização é recomendada para crianças e adolescentes, porém, ainda é muito subutilizada no Brasil.
O HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum do mundo – pode dar sinais em qualquer momento da vida. O vírus possui variantes que causam mais de 90% dos cânceres cervicais, bem como a maioria dos cânceres da vulva, da vagina, do ânus, do pênis e da orofaringe, que inclui a parte de trás da garganta, a base da língua e as amígdalas. Também causa verrugas genitais.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a infecção genital causada pelo HPV é comum e não costuma evoluir, na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que levam ao surgimento de câncer. Estas alterações das células são descobertas facilmente por meio do exame Papanicolau e têm grandes chances de cura.
Para prevenir possíveis tumores, o Ministério da Saúde decidiu ampliar o esquema de vacinação contra o HPV. Agora, a imunização também está sendo oferecida a meninos de 11 a 15 anos incompletos. Até então, era aplicada somente em meninas com menos de 15 anos.
Também têm direito à imunização, os portadores do vírus HIV de 9 a 26 anos ou pessoas com câncer em uso de quimioterapia e radioterapia (ambos os sexos), além de quem já foi submetido a algum transplante de órgão.
O problema é que a adesão a essa vacina é pequena no Brasil: 9,6% dos meninos de 12 e 13 anos tomaram a primeira dose entre janeiro e março de 2017 (346,7 mil jovens). "Existem várias explicações para a baixa taxa de vacinação contra HPV entre adolescentes. Uma delas é que a vacina é relativamente nova [foi aprovada pela primeira vez em 2006]. A mudança no público-alvo da vacina também precisa ser disseminada por mais tempo e com mais clareza. O efeito da idade no momento da imunização, encontrando uma diminuição da eficácia com a idade ressalta a importância da vacinação precoce", esclarece o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
O médico lembra também que existe uma crença infundada de que a vacinação contra o HPV levaria à maior promiscuidade dos jovens. "Argumento mais comumente usado para rebater os conselhos de controle de natalidade para adolescentes. Não há conexão direta entre a vacina e a atividade sexual e nenhuma razão para sugerir uma. Se questionado, o responsável ou o médico pode simplesmente dizer que a vacina previne a infecção por um vírus muito comum que pode causar câncer", comenta o especialista.
Moises Chencinski afirma que é preciso esclarecer que, em primeiro lugar, trata-se de uma vacina contra o câncer e que diversos estudos não mostraram impacto negativo em qualquer medida na atividade sexual entre garotas que receberam a vacina contra o HPV. "O argumento mais pernicioso em relação à vacinação contra o HPV envolve postagens na internet de histórias de terrorismo indocumentadas que alguns pais atribuem à vacina, não muito diferentes das que são atribuídas às vacinas que 'causam autismo'. Nenhum dos relatos dos efeitos adversos graves relacionados à vacina contra o HPV foi confirmado por pesquisas sólidas", destaca o pediatra.
Vale dizer que os efeitos colaterais mais comuns na imunização contra o vírus do papiloma são dor e vermelhidão ou inchaço no local da injeção intramuscular.
SAÚDE
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