Na última semana, a quantidade de casos documentados da variante Delta do novo coronavírus em Minas Gerais quase triplicou. Até o dia 4 de agosto, havia quatro registros da cepa no estado, uma semana depois, já são 11. Em meio a esse avanço, muitas informações sobre o vírus também circulam pelas redes. Algumas misturam dados verdadeiros, verificados cientificamente, com hipóteses falsas ou que não foram comprovadas, como foi o caso de um texto que recentemente circulou pelos grupos de Whatsapp, e que vinha com uma assinatura - falsa - do grupo Unimed, que já desmentiu a autoria do relato. Para entender tudo o que já se sabe sobre a nova variante e seu comportamento no Brasil, e derrubar alguns mitos que andam rolando por aí, nós conversamos com o infectologista cooperado da Unimed-BH Adelino de Melo Freire Júnior.
O infectologista explicou que ainda não se sabe se a nova cepa é mais grave, mas é comprovadamente mais transmissível, pelo fato de ela fazer cargas virais mais altas. Para o médico, isso pode ter correlação com a gravidade, apesar de ainda não existirem estudos conclusivos sobre o assunto. Os sintomas da Delta são os mesmos observados nos quadros mais comuns da doença: características de síndrome gripal, como febre, dor no corpo, tosse seca e dor de cabeça, por exemplo. Também parece ser menos comum a perda do olfato e do paladar, apesar de isso não ser regra para determinar a infecção ou não pela variante. Adelino também ressaltou que os exames RT-PCR e de antígeno são, sim, eficazes para acusar se a pessoa está ou não com Covid-19, independentemente da variante. (ao contrário do que afirmam mensagens fake que têm circulado pelas redes).
A nova cepa parece estar se espalhando de forma mais lenta pelo Brasil, pelo menos quando comparamos com sua evolução em outros países, como os Estados Unidos, onde um mês após a confirmação do primeiro caso a variante do vírus já era a mais encontrada entre as amostras. Por aqui, quase 3 meses se passaram desde a primeira confirmação da Delta, mas ela segue sendo minoria entre as infecções registradas. Para o infectologista, ainda é cedo para dizer, mas isso pode estar ocorrendo devido a uma combinação de fatores, como a força da variante P1, maioria no Brasil, e o avanço da vacinação. Por falar nela, a vacina, o médico cooperado da Unimed-BH ressaltou a importância da imunização contra a Covid-19 para combater o vírus. Ele explicou que completar o esquema vacinal garante uma boa proteção contra a variante, mesmo que ela seja um pouco menor quando comparada às outras cepas do Sars-cov-2. Por isso também, tomar apenas uma dose do imunizante, pode acabar protegendo menos contra a Delta do que contra as demais variantes. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 milhões de brasileiros estão com a segunda dose da vacina atrasada.