Revista Encontro

Arte

Conheça o artista que está por trás de alguns monumentos de BH

No momento em que a capital mineira está prestes a comemorar 116 anos, apresentamos o artista plástico Ricardo Carvão, autor de obras instaladas em importantes pontos da cidade

Da redação com assessorias
Apesar de não ter praia, Belo Horizonte fascina os turistas por sua paisagem sinuosa e pela arquitetura moderna.
Além disso, os turistas nunca vão embora sem passar por lugares como o zoológico, a Praça da Liberdade, a Igrejinha da Pampulha e a Praça do Papa. O que muita gente não sabe é que em muitos pontos turísticos é possível encontrar obras do artista plástico Ricardo Carvão, que possui estruturas instaladas até no Aeroporto Internacional Tancredo Neves.
 
Nascido em Belém do Pará, a relação do artista com Belo Horizonte começou em 1964, quando ele chegou à capital mineira e se emocionou ao tomar conhecimento de que um conterrâneo seu, o engenheiro Aarão Reis, havia projetado a cidade. “Naquele momento pensei no que eu também poderia futuramente deixar uma contribuição para essa cidade e esse povo que viria a me acolher tão bem”, relembra Carvão.

A oportunidade de presentear a cidade com sua obra, no entanto, surgiu apenas 18 anos depois, quando a Cúria Metropolitana e a Prefeitura de Belo Horizonte, com intuito de homenagear o Papa João Paulo II, decidiram colocar, na praça em que o sumo pontífice faria a missa na capital mineira, um símbolo que remetesse a ele. Foi realizado então um concurso que teve como participantes Ricardo Carvão, Almicar de Castro, Franz Weissmann, Bruno Giorgi e Paulo Laende. As peças de Ricardo Carvão foram as escolhidas, e se tornaram o principal símbolo da Praça do Papa.

“A obra abstrata, que possui 92 toneladas e 24 metros de altura, é formada por dois triângulos de vértices agudos opostos e um retângulo central. O triângulo, que é direcionado para o céu, simboliza a fé do homem em Deus. Já o outro triângulo, que é direcionado a terra, é a energia celestrial, a benção divina.
O retângulo é o elo dessas duas energias. A cruz segue o mesmo estilo do monumento”, explica Ricardo Carvão.

Para fazer esse tipo de obra, o artista precisa analisar diversas variáveis: “É um trabalho muito delicado. Tem que ter harmonia, conseguir a medida exata, nem mais, nem menos. Caso isso não seja levado em consideração, o resultado pode torna-se um caos, como um peru em um pires, ou a peça perde sua força, sua significância”.

O artista utiliza maquetes para pensar suas obras - Foto: Facebook/Artista Plástico Ricardo Carvão/ReproduçãoAlém da Praça do Papa uma obra que é muito visitada é o Monumento à Liberdade, que está presente na Praça da Liberdade. Quando foi feito o concurso público para a construção da obra, já havia uma restrição com relação à dimensão final. “Como a praça é tombada pelo Iepha/Iphan, pensei na obra de forma que ela não destoasse dos demais monumentos já existentes no local. A escolha do material, aço carbono, se deve ao fato dele ser mais resistente a intempéries naturais e não refletir a claridade. Isso porque se usasse, por exemplo, alumínio, quando o sol refletisse na peça, poderia atrapalhar a visão de quem está dirigindo próxima ao local”, esclarece o artista.

Para que possa analisar todas essas questões antes mesmo de criar a obra de arte, o artista utiliza um eficiente recurso arquitetônico, que é a maquete. “A miniatura é importante por motivos diversos: para cálculos estruturais, para posicionamento no local, para estudos das dimensões em proporção ao ambiente, para analisar a integração e a estética do conjunto, entre outras coisas”, diz Carvão.

 O artista plástico, que possui mais de sete obras públicas espalhadas pela cidade, sente enorme gratificação ao realizá-las. “Agrada-me colocar a escultura ao alcance de todos. Gosto de saber que minha obra transmitiu a sensação de equilíbrio, de plenitude e que as pessoas se sentem bem ao contemplá-las”..