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Em abril de 2014 o governo de Minas passou para o então vice-governador, Alberto Pinto Coelho (PP), que é, portanto, o atual "morador" do Palácio das Mangabeiras. Aliás, como explica o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), que residiu por lá de 2010 a 2014, apesar de ser chamado de palácio, o local é uma residência: “Uma residência confortável, ampla, que teve a sua construção determinada por Juscelino Kubitschek, inicialmente planejada como uma casa de campo. Atribui-se, inclusive, a Oscar Niemeyer a sua planta original”. Anastasia recorda que foi Israel Pinheiro (que governou entre 1966 e 1971) quem fez a mudança definitiva, deixando o Palácio da Liberdade e indo morar no Palácio das Mangabeiras. “A partir de então, é claro, várias modificações foram feitas ao longo dos anos”, pontua.

O ex-deputado federal Eduardo Azeredo governou Minas Gerais entre 1995 e 1999 e também reforça a simplicidade da construção. “É uma área grande e agradável. A parte residencial, porém, é normal e não tem nada de especial”, lembra Azeredo. O ex-governador salienta que o primeiro andar, com a sala de jantar e de visitas, é o espaço mais amplo. Uma das visitas de que Azeredo recorda foi a de Márcia Kubitschek, filha de Juscelino, o responsável pela construção do palácio: “Ela se lembrou, emocionada, de alguns momentos da infância que passou lá”.

Azeredo tinha dois cães da raça fila e um husky siberiano. Outra saia justa provocada pelos cães se deu quando a então ministra da Administração e Reforma do Estado do governo de Fernando Henrique Cardoso, Cláudia Costin, foi a uma reunião no palácio e um dos cachorros entrou na sala, querendo atenção.

“Os almoços mais importantes eram realizados no Palácio da Liberdade. Foi lá que recebi o imperador do Japão e o presidente de Portugal”, recorda Azeredo. Outra visita decisiva para a economia mineira também teve o Palácio das Mangabeiras como palco. “A decisão de instalar a fábrica da Iveco (Grupo Fiat) em Sete Lagoas foi tomada em um jantar. Havia uma pressão imensa para que a fábrica fosse instalada no Paraná, mas conseguimos trazer para Minas”, destaca o ex-governador.

“Quando JK construiu o Palácio das Mangabeiras, a oposição, da qual eu fazia parte, fez uma campanha contrária muito grande, pois achávamos que era um luxo”, recorda Francelino, que faz um mea-culpa: “Quando assumi o governo, vi que era um prédio normal, comum e sem nada de extraordinário”. Francelino faz questão de lembrar um artigo que escreveu para a revista da Academia Mineira de Letras contando a história da vida de JK. “Eu concluo o artigo dizendo que ele foi um dos melhores homens públicos que o Brasil já teve”, afirma.

A simplicidade do palácio teve seu ápice durante o governo de Itamar Franco (entre 1999 e 2003). Itamar anunciou que encontrou o caixa do estado vazio e que comprou com dinheiro próprio lençóis e fronhas para se mudar para o Palácio das Mangabeiras. Dias depois de comprar o enxoval, Itamar anunciou a moratória e declarou: “Por absoluta falta de dinheiro, deixaremos de cumprir o acordo financeiro feito pelo governo anterior”. O “governo anterior” era o de Azeredo, que havia assinado com o presidente Fernando Henrique Cardoso o acordo para a rolagem da dívida pública mineira.
Já o Palácio da Liberdade, primeira sede do governo em Belo Horizonte, não funciona mais como endereço principal do poder desde 2010, quando as atividades foram transferidas para a Cidade Administrativa. O palácio é aberto à visitação do público, que pode conhecer os belos painéis que retratam a Revolução Francesa, lustres e cristais da Boêmia, um piano de cauda da famosa marca alemã Bechstein, as escadarias belgas, os móveis da Letônia e a decoração estilo Luís XV.