
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, antes até da balança, os olhos podem sinalizar que o consumo de açúcar está muito alto, mesmo em pessoas que não tenham predisposição para ganhar peso. Os problemas oculares desencadeados pela hiperglicemia vão muito além da já conhecida retinopatia diabética (obstrução dos vasos da retina). "Adultos que nunca usaram óculos e de repente começam a enxergar embaçado à distância, devem fazer um exame de sangue", alerta o especialista.
Ele explica que o aumento da glicose na corrente sanguínea pode induzir à miopia por provocar o inchaço do cristalino, a lente natural do olho humano, que é responsável por dar foco às imagens. Não por acaso, ressalta Leôncio Neto, é comum diabéticos chegarem ao consultório acreditando que precisam trocar os óculos. Em muitos casos, é só uma flutuação na refração decorrente de glicemia mal controlada. Trocar os óculos não resolve. Quando a glicemia está sob controle, os óculos voltam a corrigir a visão.
Outro problema
O descontrole glicêmico no Brasil é maior do que se possa imaginar. A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2014, do Ministério da Saúde, mostra que 18,1% dos brasileiros comem doce diariamente, sendo 15,6% da população masculina e 20,3% das mulheres.
O oftalmologista mostra que o aumento e redução da espessura do cristalino provocados pela flutuação da glicemia predispõe à formação da catarata, ou seja, quando o cristalino fica opaco. E, hoje, a única forma de eliminar esse problema, que causa perda gradativa da visão, é a cirurgia.