Revista Encontro

Ciência

Conhece o único animal 'imortal' da Terra?

Não é mentira: essa espécie não morre por nenhuma causa natural, apenas se for destroçada ou devorada integralmente

João Paulo Martins
Quem não gostaria de viver para sempre? Quem sabe, então, poder adquirir a "doença" de Benjamin Button (interpretado por Brad Pitt), do filme O Curioso Caso de Benjamin Button, em que o personagem nasce com 80 anos e vai "rejuvenescendo" com o tempo, ou seja, seguindo a ordem inversa da vida? Ficção e utopia à parte, existe, sim, um animal na natureza que consegue viver para sempre.
Isso mesmo. Uma água viva que não morre por causas naturais.

A Turritopsis nutricula foi descoberta em 1988 pelo estudante alemão de Biologia Marinha Christian Sommer. Ele percebeu que, após um tempo vivendo no laboratório, o animal não morria de forma alguma. Na verdade, a água viva apresentou uma capacidade incrível de retroceder seu desenvolvimento. Como se sabe, esses animais, chamados de hidrozoários, possuem três fases na vida: a primeira é a larva, que eclode dos ovos fecundados; a segunda, o pólipo, que é a larva desenvolvida e que se prende ao substrato marinho; e, por fim, as medusas, que se desprendem dos pólipos e são capazes de se reproduzir sexuadamente.

Segundo o zoólogo Eduardo Bessa, da Universidade do Estado de Mato Grosso, no caso da Turritopsis, ela consegue fazer com que seu DNA volte a agir como se estivesse na fase pólipo. Esse recomposição estrutural ocorre quando o animal se sente ameaçado ou está em risco de morrer. Assim como acontecem com as céluas-tronco dos humanos, que são capazes de regenerar tecidos e criar órgãos, a fase mais baixa do desenvolvimento da água viva permite que o organismo se reconstrua e corrija qualquer problema que tenha sofrido quando estava no último estágio da vida, explica o professor.

Podemos dizer que é uma espécie de Benjamin Button da vida real.
Esse animal pode envelhecer e rejuvenescer indefinidamente. Como conta o zoólogo, essa capacidade extraordinária do pequeno animal, que tem apenas 5 mm de comprimento, vem chamando a atenção dos cientistas, que buscam entender o mecanismo de reconfiguração genética da Turritopsis para, no futuro, poder aplicar nos seres humanos. "O nosso DNA tem instruções para produzir tanto colágeno, que manteria a pele elástica e sem rugas mesmo aos 80 anos, dando a aparência de uma criança de 8. Porém, essas instruções não são lidas quando se está numa idade avançada", explica Eduardo Bessa..