Estado de Minas SAÚDE

Pancadas na cabeça podem trazer sérios problemas, e até matar

Especialista mostra o que se deve fazer em caso de traumatismos na cabeça e quais são os tipos de lesões mais comuns


postado em 03/09/2015 08:31

O futebol é um dos esportes em que traumatismos na cabeça são muito comuns(foto: Pixabay)
O futebol é um dos esportes em que traumatismos na cabeça são muito comuns (foto: Pixabay)
Jogadores de futebol, lutadores e pilotos de automobilismo. São profissões que oferecem um risco constante de pancadas na cabeça. Porém, o perigo existe para todos, seja num acidente de carro ou numa simples queda dentro de casa. Alguns tombos podem parecer bobos e inofensivos, mas podem gerar consequências surpreendentes e até mesmo fatais. Saiba como identificar a gravidade dos casos e evitar transtornos que fogem do controle.

A atenção deve ser redobrada para crianças abaixo de 2 anos e idosos a partir de 65 anos. Segundo o médico Gustavo Daher, coordenador do serviço de Neurologia do hospital Mater Dei, de Belo Horizonte, qualquer batida de cabeça nessas faixas etárias merece uma avaliação médica. "A pessoa pode estar bem aparentemente, mas a batida pode trazer consequências sérias nas horas ou nos dias seguintes", adverte o especialista.

Quando as vítimas são jovens e adultos, nem todas as batidas necessitam de atendimento médico. O risco de lesão é muito pequeno, por exemplo, em quedas equivalentes à própria altura da pessoa. No entanto, ao menor sinal de alerta, é necessária uma avaliação médica com urgência. Alteração da consciência, sonolência, dificuldade para falar e enxergar, dormência no corpo e dores na cabeça ou no pescoço são sintomas suficientes para levar a pessoa o mais rápido para o hospital.

Lesões na cabeça são tão sérias que viraram tema do filme Concussion (Concussão, em tradução livre), estrelado por Will Smith, e que trata da saúde dos ex-atletas de futebol americano dos EUA(foto: Village Roadshow Pictures/Divulgação)
Lesões na cabeça são tão sérias que viraram tema do filme Concussion (Concussão, em tradução livre), estrelado por Will Smith, e que trata da saúde dos ex-atletas de futebol americano dos EUA (foto: Village Roadshow Pictures/Divulgação)


Erros comuns

Você já deve ter ouvido aquela frase: "não deixe a vítima dormir". De acordo com Gustavo, muitas vezes as pessoas se preocupam apenas em não deixar o acidentado dormir e acham que não precisam levá-lo ao médico. "Esse é um procedimento perigoso, porque se houver algum sangramento ou lesão cerebral, a pessoa pode entrar em coma. E não adianta tentar mantê-la acordada, pode ter perdido um tempo precioso", alerta o neurologista.

O famoso "galo", inchaço provocado pelo choque na cabeça, também gera confusão. Ele é um coágulo que se forma entre a pele e o crânio e não pode ser usado como parâmetro para diagnosticar a gravidade da lesão. "Pode ser que forme um 'galo' enorme sem nenhum tipo de lesão, da mesma forma que pode não aparecer o 'galo', mas existir uma lesão grave", diz o médico.

Tipos de lesões

  • Concussão cerebral: segundo Gustavo Daher, é a lesão mais comum. É quando o impacto faz o cérebro chacoalhar dentro do crânio. Pode gerar um quadro de desorientação e tonturas ou até mesmo coma. Na maioria dos casos, a pessoa fica desacordada por alguns segundos, tem uma perda transitória de consciência, mas consegue uma recuperação completa

  • Hematoma subdural: conforme o neurologista, é mais comum em pacientes idosos. São traumas na cabeça que resultam na acumulação de sangue entre o encéfalo e o crânio. Esta lesão pode levar à morte

  • Hematoma extradural: são lesões que rompem uma artéria, normalmente provocadas por batidas laterais na cabeça. "São casos em que a pessoa recupera a consciência rapidamente, mas, cerca de meia hora depois, pode entrar em coma", conta o médico

  • Traumas repetitivos: são muito comuns em jogadores de futebol e lutadores, que sofrem impactos na cabeça constantemente. "São pequenas concussões, só que de forma recorrente ao longo dos anos. Pode gerar complicações graves, desde comprometimento de memória e alterações cognitivas, até doenças como Parkinson", explica Gustavo

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