
O pai biológico da criança possui uma condição rara e tem dois genomas em seu corpo: o dele e o do irmão gêmeo que não nasceu. Curiosamente, o bebê inseminado nasceu com o traço genético do tio natimorto. Essa condição é chamada de quimerismo. Ou seja, quando um organismo possui células descendentes de dois zigotos diferentes.
O fenômeno pode surgir, por exemplo, a partir da fusão, ainda no útero materno, dos embriões de dois gêmeos não idênticos. Nesse caso, os DNAs encontrados nas células são bastante diferentes, indicando a mistura de dois indivíduos. O americano chamado de "quimera humano" possui um código genético no esperma (referente ao irmão que não nasceu) e outro diferente no restante do corpo.
Outra situação semelhante é o mosaicismo. Ela ocorre quando um indivíduo possui células com DNAs diferentes, mas que descendem do mesmo zigoto. As células sofre mutações conforme o corpo se desenvolve, resultando em diferenças genéticas. Nesse caso, as disparidades são menores, atingindo poucos nucleotídeos (que formam a cadeia genética) em meio aos bilhões que existem no DNA.
Segundo a geneticista Ana Lúcia Godard, os genomas diferentes na mesma pessoa não causam, necessariamente, consequências negativas. "Isso é aleatório. Pode ocorrer uma mutação em um gene que resulte em falta de proteína, o que pode gerar uma patologia, mas é algo casual", explica a especialista.