Conforme Frei David, a medida não é inédita no mundo. Ele lembra que os Estados Unidos obrigam os bancos a contratarem um percentual mínimo de negros para trabalhar em suas agências. "Queremos cota, porque cota dá realmente resultado. Cota na universidade deu resultado, cota no serviço público dá resultado", afirma Frei David.
Pesquisa encomendada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em 2008 apontava que naquele ano apenas 12% dos funcionários dos bancos da cidade de São Paulo eram negros. Já em 2014, o número subiu para 16%, mas, de acordo com Frei David, o índice está abaixo do aceitável.
"Subiu para 16% o número de negros por quê? Porque nós, negros, marcamos em cima, exigindo nossos direitos. Mas, mesmo assim, nesse ritmo, quantos anos a Febraban vai levar para atender a nossa real demanda? Nós, afro-brasileiros, somos 53,7% da população. Em quatro anos, a Febraban subiu em apenas quatro pontos percentuais a quantidade de negros contratado", critica o presidente da Educafro.
Durante o debate, que teve como tema o processo de inclusão social em instituições bancárias, outros participantes relataram que os bancos tampouco cumprem a cota de deficientes físicos que deveriam ser contratados, nos termos da Lei 8.213/1991.
"Em 2014, prestem bem atenção, dobrou o número de trabalhadores com deficiência, mas mesmo assim continuamos abaixo, muito abaixo da Lei de Cotas.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Paulo Paim (PT-RS), se comprometeu a promover o diálogo entre os sindicalistas, a Educafro e os bancos. Ele também anunciou que vai solicitar à Febraban dados consolidados sobre a inclusão de negros, deficientes e mulheres nas instituições financeiras.
(com Agência Senado).