Segundo Sergio Floriano Toledo, diretor científico da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, a gravidez pode ser comparada a uma TPM contínua, o que explica a instabilidade emocional. Além disso, de acordo com o especialista, é preciso compreender que metade das mulheres que engravidam no Brasil não planejam a concepção, conforme dados do Fundo de População das Nações Unidas. "Ou seja, muitas são pegas de surpresa; algumas sem a mínima estrutura financeira, física ou emocional, em idades precoces ou tardias. Desta forma, há maior possibilidade do pré-natal ser postergado, aumentando o risco de doenças associadas", esclarece o médico.
Por isso, é fundamental dar atenção à saúde mental da grávida, para que haja uma diferenciação entre as emoções oriundas da gravidez e uma possível depressão. Este processo é simples, segundo o especialista: as alterações de humor normais dessa fase caracterizam-se por variações de euforia a choro por coisas simples.
Algumas formas de depressão alteram o apetite da gestante, que pode ficar longos períodos em jejum, ou fazer as refeições inadequadamente por tempo prolongado. Com isso, o feto pode ser prejudicado, sem ter o peso adequado na hora do nascimento. Sergio Toledo alerta que este cenário demanda o apoio de familiares e amigos. "Eles não só podem como devem ajudar. As amigas que já passaram por essa experiência podem dar dicas e a família, especialmente os pais e o companheiro, auxiliam no combate às emoções negativas", orienta o obstetra.
O médico fala sobre os três períodos da gestação:
- No primeiro trimestre: as oscilações nesta são reações ligadas à descoberta da gravidez, com manifestações recorrentes de euforia e medo. É neste período que ocorrem a maioria dos abortos espontâneos, geralmente decorrentes de malformações genéticas. Além disso, existe o desconforto físico, como náuseas, vômitos e insônia, e insegurança sobre a vida após a gravidez
- No segundo trimestre: tudo começa a mudar e a sensação de um bebê dentro da barriga é mais concreta, sobretudo quando sentem o filho mexer ou após o ultrassom. Alguns incômodos físicos começam a desaparecer e a mulher sente-se bem, pois consegue dormir e comer melhor
- No terceiro trimestre: o especialista atesta que este é o período mais crítico, no qual as inseguranças afloram mais intensamente. "Ela pode se sentir despreparada para o início da maternidade; confusa com a amamentação; e temerosa em conciliar a vida social e profissional com o futuro filho", esclarece o obstetra