A descoberta aponta que a lichia contém altas doses de hipoglicina, uma toxina que inibe a capacidade do corpo de sintetizar a glicose. Depois que coletaram o material genético de 300 crianças afetadas pelo problema, os médicos descobriram algo em comum. Muitas delas estavam com nível baixo de açúcar no sangue e, por isso, tinham o dobro de chance de morrer. "Uma das coisas que ouvimos, várias vezes, das mães era que as crianças não jantavam direito", diz a pesquisadora indiana Srikantiah, em entrevista ao jornal americano The New York Times. A hipoglicina, combinada com os estômagos vazios, era a responsável, então, pelas mortes.
A doença que afetou as crianças na Índia causa encefalopatia, uma inflamação no cérebro.
As indicações mais concretas da relação entre a lichia e a doença vieram em 2015. Os pesquisadores recomendaram aos habitantes da região de Muzaffarpar que alimentassem bem as crianças antes de dormir e restringissem o consumo da fruta. Em seguida, os casos diminuíram de centenas para menos de 50 por ano.
As investigações começaram em 1995. Inicialmente, os médicos não conseguiram determinar se a doença era causada por uma infecção. Depois, descobriram que as vítimas não tinham febre ou número elevado de glóbulos brancos, as células que protegem o corpo e indicam infecções.
O estudo, feito por cientistas americanos e indianos, foi publicado no jornal médico britânico The Lancet Global Health na segunda-feira, dia 31 de janeiro..