O trabalho, realizado pela pesquisadora Jennifer Watling, na Universidade de Exeter, da Inglaterra, decobriu nada menos que 450 "valetas", ou geoglifos, espalhadas por uma área de 13 mil km² no estado do Acre. Os constantes desmatamentos nessa região da floresta amazônica ajudaram a cientista a localizar, por meio de sobrevoos, essas alterações geográficas feitas por povos antigos.
Apesar de não ter uma explicação oficial para a construção dos geoglifos, Jennifer acredita que não servido como abrigo ou um mecanismo defesa. "Os povos antigos alteraram florestas de bambu e criaram clareiras pequenas e temporárias, levando em conta espécies de árvores economicamente valiosas, como palmeiras. Eles criaram, assim, uma espécie de 'supermercado pré-histórico' de produtos florestais mais úteis", diz o artigo que acompanha o estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa se baseou em técnicas inovadoras usadas para reconstruir cerca de 6 mil anos de história encontrada na vegetação e no uso do fogo presentes nas redondezas de dois sítios arqueológicos que continham geoglifos. Jennifer Watling esclarece que a descoberta acaba com a ideia de que a floresta amazônica seria intocada pelo homem, mas chama a atenção para o manejo adequado do meio-ambiente.
"Nossa evidência de que as florestas amazônicas foram manejadas por povos indígenas muito antes do contato com os europeus não deveria ser usada como justificativa para as formas destrutivas e insustentáveis de uso do solo praticadas hoje. Deveria, ao contrário, servir para destacar a ingenuidade dos regimes de subsistência no passado que não levam à degradação florestal e a importância dos povos indígenas na descoberta de alternativas mais sustentáveis para o uso do solo", afirma a pesquisadora no artigo científico..