
A médica e psicanalista Soraya Hissa de Carvalho esclarece que o Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou TOC, consiste na combinação de obsessões, quando se trata de pensamentos ou idéias, impulsos, imagens, cenas, que invadem a consciência de forma repetitiva, ou compulsões, que são comportamentos repetitivos (lavar as mãos ou fazer verificações de forma constante). "No transtorno, as compulsões são comportamentos repetitivos e intencionais, apesar de quase involuntários, desempenhados em resposta à idéia obsessiva", afirma a psicanalista.
A especialista comenta que os dois tipos de sintomas quase sempre estão juntos, mas pode haver a predominância de um sobre o outro. "Um paciente pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo do que obsessivo", diz Soraya Carvalho. Ela lembra que esses impulsos obsessivos e as consequentes compulsões são suficientemente intensos para causar sofrimento acentuado, consumir tempo, interferir significativamente na rotina normal da pessoa, no funcionamento ocupacional ou nas atividades e relacionamentos sociais.
Segundo a médica, a maior dificuldade para o tratamento do TOC está, exatamente, em convencer o paciente de que o que ele está sentindo é uma doença e pode ser tratada. "A grande maioria desses pacientes têm constrangimento em relatar seus sintomas a outras pessoas, incluindo os médicos", completa.
Sintomas
A psicanalista explica que o TOC é classificado como um transtorno de ansiedade por causa da forte tensão que sempre surge quando o paciente é impedido de realizar seus "rituais". "Mas, a ansiedade não é o ponto de partida desse transtorno, como nos demais transtornos dessa classe: o ponto de partida são os pensamentos obsessivos ou os rituais repetitivos", esclarece Soraya Carvalho.
Conforme a médica, os sintomas obsessivos e compulsivos são imprescindíveis para fazer o diagnóstico da doença. Contudo, além dos sintomas, são necessários outros critérios para o efetivo diagnóstico. "O tempo gasto com os sintomas deve ser de no mínimo uma hora por dia ou quando o tempo for inferior a isso é necessária a existência de marcante aborrecimento ou algum prejuízo pessoal. É preciso que, em algum momento, o paciente reconheça que o que está acontecendo seja excessivo, exagerado, injustificável ou anormal", diz a especialista.
A boa notícia é que o tratamento mais adequado é a combinação da medicação (especialmente antidepressivos) com as terapias cognitivo-comportamentais. "A combinação desses tratamentos é superior ao uso isolado de cada um deles", completa Soraya.