Estado de Minas SAÚDE

Pesquisa cria vacina mais eficaz contra tuberculose

Por meio da recombinação da BCG tradicional, Instituto Butantan conseguiu criar um imunizante mais potente


postado em 29/06/2017 10:39

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, conseguiu produzir uma vacina mais potente e eficaz contra a tuberculose(foto: Manuella Brandolff/Palácio Piratini/Divulgação)
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, conseguiu produzir uma vacina mais potente e eficaz contra a tuberculose (foto: Manuella Brandolff/Palácio Piratini/Divulgação)
Uma nova vacina contra a tuberculose – mais potente do que a atualmente usada na imunização de crianças – está sendo desenvolvida no Instituto Butantan em São Paulo. Os resultados promissores de ensaios pré-clínicos, feitos com camundongos, foram publicados na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

"A vacina BCG tradicional é eficaz para proteger crianças das formas mais graves da doença, mas oferece proteção limitada contra infecções pulmonares em adultos. Portanto, desenvolver um novo imunizante mais potente tem sido um desafio da comunidade científica internacional. Diversas estratégias estão sendo testadas", comenta Luciana Leite, diretora do Laboratório Especial de Vacina do Butantan e coordenadora do projeto.

A estratégia adotada pelo grupo paulista foi desenvolver uma versão recombinante da BCG, ou seja, modificar a bactéria usada na formulação da vacina convencional – a Mycobacterium bovis – para fazê-la produzir uma proteína típica de outra bactéria, a Escherichia coli.

"Essa proteína recombinante, que chamamos de LTAK63, tem um efeito adjuvante na formulação, isto é, faz com que a resposta do sistema imune à vacina seja muito mais forte", afirma a pesquisadora.

Nos experimentos com camundongos, os cientistas compararam a proteção oferecida pela BCG convencional com a vacina recombinante. Doze semanas após a vacinação, os três grupos de cobaias foram infectados com a bactéria causadora da tuberculose, a Mycobacterium tuberculosis. Depois de 30 dias, foi avaliada a quantidade de bactérias presentes nos pulmões dos animais.

Nos camundongos não imunizados, a quantidade de bactérias nos tecidos pulmonares chegou a um milhão. No grupo que recebeu a BCG convencional, foram encontrados em torno de 100 mil micro-organismos, com grau de inflamação bem mais moderado. Já no grupo, que recebeu a vacina recombinante, foram encontradas no pulmão apenas cerca de mil bactérias.

"Fizemos, em seguida, um segundo experimento no qual desafiamos os animais com uma quantidade até 100 vezes maior de Mycobacterium tuberculosis e observamos que apenas a versão recombinante da BCG ofereceu proteção neste caso. No grupo que recebeu a vacina convencional os animais começaram a morrer depois de alguns dias", conta Luciana Leite.

A estimativa da pesqusiadora do Instituto Butantan é que a nova vacina contra a tuberculose possa estar disponível em até 10 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa infecção bacteriana atinge mais de 10 milhões de pessoas no mundo e o Brasil está entre os 30 países com maior incidência da doença.

(com Agência Fapesp)

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