Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a compra de medicamentos representa uma das principais fontes de despesa para os sistemas públicos de saúde. Para compreender os gastos voltados para a assistência farmacêutica no Brasil, pesquisadores de três instituições (Fiocruz Minas, Universidade Federal Fluminense e Instituto Karolinska, da Suécia) fizeram uma análise das compras realizadas pelo governo federal no período compreendido entre janeiro de 2006 e dezembro de 2013. O estudo, publicado recentemente na revista científica americana Plos One, baseou-se no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais, um banco de dados geral de compras, que inclui aquisições de medicamentos realizadas por todos os ministérios e outros entes da federação.
De acordo com a pesquisa, foram gastos, entre 2006 e 2013, cerca de R$ 34 bilhões. Quase 50% desse valor foram destinados a três classes de medicamentos: os imunossupressores (usados no tratamento de doenças autoimunes e na preparação e manutenção de transplantes de órgãos); os antivirais de uso sistêmico (voltados para o tratamento de Aids, herpes, Influenza etc.); e os agentes antineoplásicos (que são os medicamentos usados no tratamento de câncer). O estudo também observou que, embora liderem o ranking das despesas, essas três categorias começaram a ser adquiridas principalmente a partir de 2009, apontando uma mudança no perfil de aquisições.
"A análise dos dados mostra que, nos últimos anos, houve incorporação de novos fármacos à lista de medicamentos oferecidos. A mudança é positiva, pois significa que o sistema público de saúde passou a oferecer tratamentos que, até pouco tempo atrás, não estavam acessíveis para a maior parte da população", explica Tatiana Luz, pesquisadora da Fiocruz Minas.
O estudo também constatou que houve um aumento de 271% dos gastos, comparando o primeiro e o último ano analisados. Foram R$ 2,63 bilhões em 2006 e R$ 7,15 bilhões, em 2013. Os imunossupressores encabeçam a lista dos medicamentos que mais tiveram aumento na despesa, correspondendo a uma elevação de 25 mil por cento entre 2006 e 2013.
"As novas drogas que entraram no mercado têm custo elevado. Isso significa que, se por um lado é possível oferecer tratamento para mais doenças, por outro, há um aumento substancial dos gastos com medicamentos Nesse sentido, é fundamental conhecer bem a demanda para que, ao comprar, os governos consigam aumentar a capacidade de negociação", comenta a pesquisadora mineira.
Outras categorias de fármacos também contribuíram para a elevação dos gastos gerais, como os medicamentos usados para o tratamento de diabetes, cuja despesa subiu quase 190%, e os anestésicos, que tiveram um aumento no valor total de cerca de 175%, comparando os anos de 2006 e 2013. Porém, em relação a esses dois exemplos o crescimento da despesa foi provocado pelo aumento da quantidade de itens comprados.
"Isso reforça a importância de compreender o impacto que cada produto tem no orçamento. A ideia não é deixar de oferecer, mas conhecer bem as necessidades da população para que seja possível comprar com preço melhor", destaca Tatiana Luz.
(com Agência Fiocruz de Notícias)
Dados da BRASIL
Pesquisa mostra aumento de gastos com medicamento no Brasil
Imunossupressores, antivirais e antineoplásicos lideram ranking de gastos
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