Instituto Vital Brazil (IVB), vinculado à secretaria de estado de Saúde do Rio de Janeiro, está desenvolvendo um medicamento inédito contra veneno de abelhas, em parceria com o Centro de Estudos e Venenos de Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (Cevap/Unesp), em Botucatu (SP), cuja tecnologia de produção e o próprio soro poderão ser exportados para outras nações. Países asiáticos já têm manifestado interesse nesse sentido, segundo o médico veterinário Luís Eduardo Cunha, assessor da diretoria científica do IVB e doutorando em medicina tropical pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Há um ano, o soro antiapílico vem sendo testado em 10 pacientes que tiveram múltiplas picadas de abelha. Os resultados foram muito bons, de acordo com o veterinário. "Nesta fase de testes, a gente vê segurança. Nesses 10 pacientes em que foi aplicado o soro, correu tudo bem, na medida do esperado", diz Luís Eduardo Cunha em entrevista à Agência Brasil.
Ainda em julho, o Instituto Vital Brazil deve solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a extensão, por mais um ano, da atual fase de testes, chamados estudos clínicos, com o objetivo de testar o soro em mais 10 pacientes, antes que o medicamento seja registrado e possa ser disponibilizado para todo o país.
"Até julho do ano que vem, a gente tem que totalizar 20 pacientes, que é o número que estabelecemos para esse estudo. Como a gente não pode inocular o veneno nas pessoas e depois o soro para testar, tem que esperar acontecer os casos, e isso dificulta um pouco o processo. A gente necessita que os casos aconteçam naturalmente e que sejam perto de onde a gente tem soro", revela o assessor da diretoria científica do IVB.
O tratamento consiste na utilização de duas a dez ampolas de soro, dependendo da carga de veneno que as pessoas acidentadas receberam. Duas ampolas são suficientes para combater 200 picadas de abelha.
Acidentes
Os últimos dados disponíveis no Ministério da Saúde, embora ainda provisórios, segundo observa Cunha, mostram que em 2014 ocorreram 14.062 casos de picadas de abelha no Brasil; em 2015, o número recuou para 13.708 registros, caindo ainda mais em 2016 (11.991 casos). Nos últimos três anos, a incidência por 100 mil habitantes revela sete óbitos por veneno de abelha em 2014, 12 em 2015 e 25 em 2016. A média é 30 mortes por ano para 10 mil a 12 mil acidentes, como mostra o assessor do IVB. A maior prevalência é entre crianças e idosos. Luís Eduardo Cunha salienta que, proporcionalmente, o resultado é muito parecido ao que acontece com os casos de mortes com picadas de serpentes, em que são registrados atualmente 110 óbitos para cerca de 30 mil envenenamentos.
O Instituto Vital Brazil é um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros, um dos quatro fornecedores de soros contra o veneno de animais peçonhentos, e produtor de medicamentos estratégicos para o Ministério da Saúde.
(com Agência Brasil)
O BEM-ESTAR
Brasileiros estão criando soro para picada de abelha
O estudo inédito está sendo realizado no Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro
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