Os tumores do câncer de cabeça e pescoço costumam se manifestar na forma de lesões na boca, na faringe, na laringe e na tireoide. Não são classificados nessa modalidade de câncer os tumores no cérebro e nos olhos. Segundo Luiz Paulo Kowalski, diretor do departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do hospital A.C. Camargo, a automedicação e a falta de diagnóstico correto fazem com que de 70% a 80% dos pacientes cheguem ao médico com a doença em estado avançado.
Os sintomas do câncer incluem lesões brancas ou vermelhas, feridas, caroços, incômodo para engolir, rouquidão, dor e desconforto, com duração maior que duas semanas. "São sintomas que se confundem com doenças comuns. No caso da doença comum, em duas semanas os sintomas desaparecem, com ou sem tratamento. O câncer vai se tornando cada vez pior, os sintomas só se agravam.
Quando a doença está mais avançada, os sintomas são dor, sangramento, perda de dentes e perda de peso. O diagnóstico precoce traz mais chances de cura ao paciente. Há 20 anos, a taxa média de cura era de 50%. Atualmente, com o aumento do diagnóstico precoce e os tratamentos mais eficazes, o índice subiu para 65% a 70%. Os tumores de tireoides têm ainda mais sucesso, com taxa de cura superior a 90%.
A taxa de incidência apurada no país este ano pelo Inca mostra que homens são os mais afetados por esse tipo de câncer. Para o câncer de laringe, foram 6.360 novos casos de homens e 990 casos em mulheres. O câncer da cavidade oral afetou 11.140 pacientes masculinos e 4.350 femininos.
Prevenção
Evitar os principais fatores de risco, como o cigarro, são a mais importante forma de prevenção. Segundo Luiz Paulo Kowalski, os diversos componentes químicos da combustão do tabaco, com forte potencial cancerígeno, afetam a boca, a garganta e a laringe. "As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a 10 vezes maior que a pessoa que nunca fumou. Se beber, aumenta em até 80 vezes esse risco", adverte o especialista.
Como se vê, a ingestão de bebidas alcoólicas é outro fator prejudicial. "O álcool é um solvente que facilita a penetração dos agentes cancerígenos na mucosa. O indivíduo que bebe muito, se alimenta mal e não tem cuidado com higiene oral, aumenta a proliferação de bactérias, que podem produzir infecções crônicas", explica o otorrinolaringologista.
O terceiro fator de risco é o HPV, que pode ser transmitido para a boca por meio de sexo oral ou até pelo beijo. A incidência do papilomavírus alterou o perfil do paciente, que antes era, em sua maioria, pessoas entre 55 e 60 anos.
Tratamento
A cirurgia ou a radioterapia pode ser o tratamento nos estágios iniciais. Com o avanço do câncer, a quimioterapia ou a combinação das terapias também passa a ser indicada. Luiz Paulo Kowalski destaca que a cirurgia, nos tempos atuais, deixaram de ter caráter mutilador. "Temos mídia assistida, laser, robótica e técnicas mais refinadas de reconstrução. Hoje, conseguimos retirar os tumores sem deixar sequelas significativas para o paciente, o sucesso do tratamento melhorou muito", comenta.
(com Agência Brasil).