Um estudo chamado do Programa de Investigação da Mudança Global dos Estados Unidos, que reune cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), da Nasa e de mais 11 agências federais americanas, afirma que a atividade humana contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a incidência de furacões.
No estudo, a incidência desse tipo de fenômeno mais destrutivos é usada como evidência de que é "muito provável que mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das últimas quatro décadas, foram causadas pela atividade humana".
O relatório é parte da Avaliação Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato do então presidente dos EUA, Bill Clinton, em 1990. Em junho de 2017, o estudo foi publicado pela comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa Branca. Até então, a administração do atual mandatário americano, Donald Trump, não se pronunciou.
As conclusões dos cientistas batem de frente com a ideologia defendida por Trump, ou seja, que não é possível comprovar que o aquecimento global é consequência da interferência humana.
A Union of Concerned Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União dos Cientistas Preocupados com o Clima), uma entidade que reúne especialistas americanos, também publicou em sua página um artigo em que afirma haver probabilidade de ocorrerem mais furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram milhões de comunidades e colocaram estruturas em risco.
A UCS lembra que "para as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e físicas deixadas por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras".
Os cientistas reafirmam que esses fenômenos são parte natural do sistema climático. Entretanto, lembram que as pesquisas recentes sugerem o aumento do poder destrutivo, ou intensidade, dos furacões desde a década de 1970, em particular na região do Atlântico Norte.
Medidas do potencial de destruição de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo da vida útil, também mostram uma duplicação desse potencial nas últimas décadas. Um exemplo é o de um furacão que se mantém em níveis quatro e cinco (mais destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de um a cinco) por mais tempo, causando mais danos.
Não só os furacões no Atlântico estão se intensificando, os tufões do Pacífico também estão atingindo a Ásia de maneira mais feroz.
Impacto nos oceanos
Cientistas ligados à UCS afirmam que os oceanos absorveram 93% do excesso de energia gerada pelo aquecimento global entre 1970 e 2010. Dessa maneira, foi possível observar a intensificação da atividade de furações em algumas regiões.
Vale lembrar que o furacão é um fenômeno formado pelo aquecimento das águas ocêanicas. Temperaturas marítimas superiores a 27º C causam a evaporação da água, que sobe até o nível das nuvens. O contato entre o vapor quente e o ar frio da atmosfera provoca correntes de ar que se descolam em movimentos circulares e em formato de cone.
Os níveis do mar também estão subindo, porque com os oceanos mais quentes e a água se expande. Essa expansão, segundo a UCS, combinada com o derretimento das geleiras na Terra, causou um aumento médio global de aproximadamente 20 cm no nível do mar desde 1880.
A tendência esperada é de que haja aceleração desse processo nas próximas décadas. Níveis do mar mais elevados na região costeira e a água mais aquecida poderão proporcionar furacões destrutivos, como o Katrina (2005), o Harvey ou o Irma.
(com Agência Brasil)