O aumento no número de casos de câncer pode estar ligada à ação da luz visível, que também causa danos à pele, principalmente quando associada à exposição aos raios UVA. O alerta é do professor Maurício S. Baptista, do Instituto de Química da USP. Em estudo recente, o pesquisador descobriu que os efeitos combinados da radiação UVA e da luz visível causam lesões pré-mutagênicas no DNA dos queratinócitos – as células do tecido epitelial.
"A sociedade erra ao considerar a luz visível segura.
Segundo o professor da USP, as pessoas são induzidas ao erro ao acreditar que passando protetor solar a cada duas horas podem ficar expostas ao Sol o dia inteiro. "Elas acham que estão protegidas, mas não estão. Essa proteção não é suficiente e, infelizmente, produtos que possam oferecer proteção contra os efeitos da luz visível ainda não estão disponíveis no mercado. As empresas que produzem os filtros solares conhecem os dados sobre os efeitos nocivos da luz visível, mas, como ainda não desenvolveram produtos adequados, não falam sobre esse assunto, colocando a saúde da população em risco", esclarece o pesquisador.
Baptista lembra, no entanto, que as pessoas não devem evitar totalmente a exposição ao Sol. Os raios UVB são necessários para a síntese de vitamina D, que, além do papel contra a osteoporose, está envolvida no desempenho de músculos, nervos, coagulação do sangue, crescimento celular e utilização de energia. A dose ideal seria expor o corpo inteiro por 30 minutos ao Sol, três vezes por semana, sem o uso de filtros solares – nos horários de menor risco, ou seja, antes das 10h da manhã e após as 16h.
Danos profundos
A luz visível, à qual nossos olhos são sensíveis, é uma forma de radiação eletromagnética, assim como os raios ultravioleta. Ela penetra na pele mais profundamente do que os raios UVA e só pode ser bloqueada por filtros físicos.
Os efeitos nocivos causados pelos raios UVA já foram amplamente estudados e são bem conhecidos. Nos últimos anos, no entanto, cientistas como Maurício Baptista vêm alertando para danos causados pela luz visível. O pesquisador tem se dedicado a desvendar os mecanismos pelos quais se dão esses efeitos nocivos.
Além disso, existe a dificuldade em desenvolver um filtro solar que proteja também contra a luz visível, já que o produto teria que ser colorido. O professor da USP está desenvolvendo um novo conceito em termos de proteção solar, baseado no uso de pigmentos naturais, que são capazes de diminuir a penetração da luz na pele sem causar uma mudança perceptível da cor da epiderme.
(com Jornal da USP).