Revista Encontro

Saúde

Apesar de estarmos livres da poliomielite desde 1989, prevenção da doença deve se manter ativa

Segundo a OMS, três países do mundo ainda possuem o vírus da pólio em circulação

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A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, embora também possa acometer adultos, pode afetar muito mais as crianças, restringindo os movimentos de partes do corpo.
Até meados dos anos 1980, a pólio paralisava quase 100 crianças por dia em 125 países ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apenas em 1985, os países das Américas estabeleceram a meta de erradicar a doença na região, com foco no combate ao vírus transmissor, o poliovírus.

No Brasil, a partir de 1988, foi ampliada a prevenção, por meio da vacinação da população. Promovida em campanhas de imunização em massa com a vacina oral contra a poliomielite, a estratégia contribuiu para livrar o país do problema em 1989, quando o último caso foi registrado, segundo o Ministério da Saúde. Em 1994, toda a região das Américas foi certificada como livre da circulação do poliovírus.

Hoje, a OMS aponta que apenas três países ainda possuem o vírus em circulação: Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Tal permanência inspira cuidados em todo o mundo, por isso, aproveitando o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, na terça, dia 24 de outubro, a organização vinculada à ONU alertou para a necessidade de se manuter ações de vigilância e prevenção. Mesmo há décadas sem registro, o Brasil tem seguido a orientação e disponibilizado vacinação em postos municipais, assim como efetivado campanha anual de imunização. A última ocorreu em setembro deste ano.

Efeitos da poliomielite

Para alguns brasileiros, contudo, a pólio não acabou efetivamente.
Eles sofrem com a síndrome pós-poliomielite, que desde 2010 consta no Catálogo Internacional de Doenças. Trata-se de outro problema, mas, que é associado à primeira porque, de acordo com as explicações mais recorrentes e reconhecidas pelo Ministério da Saúde, decorre do desgaste de neurônios motores que, por estarem próximos dos que foram destruídos pelo poliovírus, desenvolveram ramificações que foram usadas intensamente para suprir os comprometidos pela doença. Com o passar do tempo, esses neurônios vão se esgotando, gerando, com isso, degeneração.

A pós-pólio pode acometer quem teve poliomielite aguda na infância, sobretudo aquelas pessoas com histórico de poliomielite paralítica grave. Embora já catalogada, ela ainda é pouco conhecida, o que compromete a qualidade de vida das pessoas afetadas. Thibério Limaverde conta que só tomou conhecimento da nova síndrome após ver uma reportagem sobre o tema na televisão. Há três anos, ele vinha sentindo fraqueza e, mais recentemente, dores. No início, atribuiu os sintomas ao sedentarismo. Depois de saber da pós-pólio, passou a investigar o problema e concluiu que as dores decorriam da fadiga sentida pelos neurônios.

O Ministério da Saúde desenvolveu, em outubro de 2016, guia para ações de reabilitação da pessoa com pós-poliomielite e co-morbidades. O órgão explica que tem desenvolvido ações tendo em vista a necessidade de cada paciente, como fisioterapia e orientação nutricional, pois não há uma forma geral de tratar todos os casos de pós-pólio. Ainda não há dados sobre a ocorrência no Brasil, mas o documento aponta que 60% dos indivíduos com sequela de poliomielite paralítica e 40% dos casos não paralíticos desenvolvem a síndrome.

(com Agência Brasil).