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Legislação

Edson Fachin é favorável à doação de sangue por homossexuais

O ministro do STF é relator da ação que pede o fim da proibição de doação de sangue para gays que tiveram relação sexual

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, durante a sessão de quinta, dia 19 de outubro, anunciou seu voto pela inconstitucionalidade das normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbem homens homossexuais de doarem sangue por 12 meses após a última relação sexual.
Após a manifestação de Fachin, que é relator da ação no STF, a sessão foi suspensa, e o julgamento deverá ser retomado na quarta-feira, dia 25. Faltam ainda os votos de 10 ministros.

O julgamento foi motivado por uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR), protocolada em junho do ano passado. A ação questiona a validade das normas do Ministério da Saúde e da Anvisa que "dispõem sobre a inaptidão temporária para indivíduos do sexo masculino que tiveram relações sexuais com outros indivíduos do mesmo sexo realizarem doação sanguínea nos 12 meses subsequentes a tal prática".

Segundo a PGR, as resoluções e portarias que criaram regras para doação de sangue por homossexuais são discriminatórias.

Em seu voto, o Edson Fachin entendeu que as normas não podem excluir homossexuais de exercerem a cidadania na forma de doação de sangue. Segundo o ministro e relator, a exclusão preventiva de qualquer grupo de pessoas é inconstitucional. Além disso, o controle de qualidade do sangue deve ser feito por exames adequados, e não com base na orientação sexual, segundo ele.

"O estabelecimento de grupos e não conduta de risco incorre em discriminação, pois lança mão a uma interpretação consequencialista desmedida, apenas em razão da orientação sexual", comenta o ministro do STF.

Na próxima semana, devem votar os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e a presidente da Corte, Cármen Lúcia.

Durante o julgamento, várias entidades se manifestaram, todas contra as regras. Pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, a advogada Patrícia Gorisch disse que a proibição parte do princípio de que os homossexuais são promíscuos e os transforma em "pessoas de segunda categoria".

"Essas pessoas vão aos bancos de sangue ajudar o próximo, efetivar seu direito de cidadania e saem da lá com um não, pelo simples fato de serem quem são. Isso é totalmente contrário com os tratados internacionais de direitos humanos", diz Patrícia.

Durante o julgamento, não houve manifestação oral da Anvisa ou do Ministério da Saúde.
Em informações enviadas ao STF no ano passado, para subsidiar o voto de Fachin, a Anvisa declarou que segue informações científicas internacionais para estabelecer as normas e que as regras para doação de sangue atendem aos princípios da precaução e proteção à saúde.

Na ocasião, o órgão declarou que homens homossexuais não são proibidos de doar sangue, desde que atendam aos requisitos de triagem clínica.

(com Agência Brasil).