Os compostos criados e estudados contêm fosfina, cloro e dimina, substâncias que, respectivamente, auxiliam os fármacos a entrarem nas células, a permanecerem nelas e a ligar com o DNA, interrompendo a proliferação do câncer. Essas substâncias são levadas até o DNA por intermédio de um elemento conhecido como rutênio. Foram feitos alguns testes com outros elementos, como platina e paládio, mas a preferência pelo rutênio, segundo Alzir Batista, se deve devido à semelhança de sua química com a do ferro, um elemento que está presente no organismo humano.
O trabalho inovador foi publicado no periódico científico Journal of the Brazilian Chemical Society, uma publicação da Sociedade Brasileira de Química, também envolve cientistas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal Fluminense, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universitat de Barcelona, da Espanha. Segundo os pesqusiadores, o objetivo do estudo é o desenvolvimento de um insumo farmacêutico que tenha atividade mais efetiva e que cause menos efeitos colaterais que os atuais fármacos usados no tratamento de câncer de mama, o tipo de tumor mais comum em mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Como mostra Alzir Batista, hoje, todos os fármacos indicados para o tratamento de câncer causam "sérios efeitos colaterais".
Os pesquisadores lembram que o desenvolvimento de um fármaco que seja estável fora e dentro do organismo – cumprindo sua função, atingindo o alvo correto diante de tantas substâncias – demanda uma dedicação prolongada para que, no final de todo o processo, possa haver um produto eficaz disponível para a sociedade. Para avançar nos estudos, os cientistas brasileiros defendem que, para além da captação de recursos, é necessária uma série de parcerias com hospitais que lidam com tratamentos em oncologia. Mais do que isso, segundo eles, as empresas também devem se relacionar com a academia para que o conhecimento produzido nela alcance a população.
(com Jornal da USP)