Estado de Minas SAÚDE

Cientistas brasileiros estão tentando criar um remédio mais eficaz contra o câncer de mama

Pesquisadores querem produzir um medicamento que cause menos danos colaterais às pacientes


postado em 17/11/2017 09:44 / atualizado em 17/11/2017 10:05

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um estudo brasileiro está analisando quatro substâncias que poderão, em breve, virar medicamentos para tratar câncer. Foram obtidos resultados promissores em testes realizados in vitro com células de mamas humanas contendo tumor. Segundo os pesquisadores Javier Ellena, do Instituto de Física de São Carlos da USP, e Alzir Batista, do departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos, que estão envolvidos na pesquisa, a performance desses compostos se mostrou superior à dos componentes do cisplatina, fármaco usado atualmente no tratamento de pacientes com câncer de mama e que, conforme os cientistas, mantém cerca de 95% de sua composição no organismo após a quimioterapia. Embora os testes já tenham despertado o interesse da indústria farmacêutica, o trabalho deve ser prolongado. De acordo com estimativas dos pesquisadores, os estudos podem durar mais 15 ou 20 anos.

Os compostos criados e estudados contêm fosfina, cloro e dimina, substâncias que, respectivamente, auxiliam os fármacos a entrarem nas células, a permanecerem nelas e a ligar com o DNA, interrompendo a proliferação do câncer. Essas substâncias são levadas até o DNA por intermédio de um elemento conhecido como rutênio. Foram feitos alguns testes com outros elementos, como platina e paládio, mas a preferência pelo rutênio, segundo Alzir Batista, se deve devido à semelhança de sua química com a do ferro, um elemento que está presente no organismo humano.

O trabalho inovador foi publicado no periódico científico Journal of the Brazilian Chemical Society, uma publicação da Sociedade Brasileira de Química, também envolve cientistas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal Fluminense, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universitat de Barcelona, da Espanha. Segundo os pesqusiadores, o objetivo do estudo é o desenvolvimento de um insumo farmacêutico que tenha atividade mais efetiva e que cause menos efeitos colaterais que os atuais fármacos usados no tratamento de câncer de mama, o tipo de tumor mais comum em mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Como mostra Alzir Batista, hoje, todos os fármacos indicados para o tratamento de câncer causam "sérios efeitos colaterais".

Os pesquisadores lembram que o desenvolvimento de um fármaco que seja estável fora e dentro do organismo – cumprindo sua função, atingindo o alvo correto diante de tantas substâncias – demanda uma dedicação prolongada para que, no final de todo o processo, possa haver um produto eficaz disponível para a sociedade. Para avançar nos estudos, os cientistas brasileiros defendem que, para além da captação de recursos, é necessária uma série de parcerias com hospitais que lidam com tratamentos em oncologia. Mais do que isso, segundo eles, as empresas também devem se relacionar com a academia para que o conhecimento produzido nela alcance a população.

(com Jornal da USP)

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