O ginecologista Renato de Oliveira, da clínica Criogênesis, de São Paulo, esclarece que o HPV, ou Papilomavírus Humano, é transmitido preferencialmente por meio da relação sexual,s endo a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo. "Existem mais de 200 tipos diferentes desse vírus, dos quais aproximadamente 45 infectam a região ano-genital feminina e masculina. O HPV pode causar lesões benignas [verrugas genitais, conhecidas popularmente como 'crista de galo'] tanto em homens quanto em mulheres, e lesões pré-cancerosas e câncer propriamente dito, principalmente do colo uterino, sendo importante lembrar que o grupo de vírus que causa a lesões benignas é diferente do grupo que causa a doença maligna", comenta o médico.
Para prevenir o problema, além da realização do exame Papanicolau pelas mulheres e do uso de preservativo nas relações sexuais, é essencial recorrer à vacina, que possui eficácia comprovada.
O especialista aproveita para esclarecer algumas dúvidas sobre a imunização contra o HPV:
A vacina é segura?
Sim. "A vacina contra o HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres contra os principais tipos de vírus relacionados ao câncer de colo uterino. No caso da oferecida pelo governo às meninas, há a proteção adicional contra os principais tipos de HPV relacionados com lesões condilomatosas. A vacina apresenta proteção de 98% contra o câncer do colo do útero e funciona melhor quando administrada antes de a pessoa ter qualquer contato com alguns tipos de papilomavírus humano", afirma Renato de Oliveira. Ele lembra que mesmo os indivíduos que já iniciaram a vida sexual também podem receber a vacina, pois o contato com o vírus não gera resposta imune protetora, ao contrário da aplicação da vacina.
Quais os tipos de vacina?
O médico explica que existem duas vacinas aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): a bivalente, contra os HPV's 16 e 18; e a quadrivalente, contra os tipos 6, 11, 16 e 18. A quadrivalente, apesar de gratuita apenas para meninas de 11 a 13 anos, é recomendada para homens e mulheres de 9 a 26 anos. A vacina bivalente pode ser utilizada a partir dos 9 anos.
Quantas doses devem ser tomadas?
O esquema vacinal é de três doses para completar a proteção. "Com a bivalente, a segunda dose é aplicada depois de um mês da primeira e, a terceira, após cinco meses da segunda. Já na quadrivalente, a segunda fase acontece apenas dois meses após a primeira e a terceira, seis meses depois da inicial", diz o ginecologista.
Existem efeitos colaterais?
"Como acontece com a maioria das vacinas, as reações mais comuns são relacionadas ao local da injeção como dor e vermelhidão por exemplos". Em geral, conforme o especialista, esses sintomas são de leve intensidade e desaparecem no período de 24 a 48 horas. Há também a possibilidade de reações alérgicas para alguns pacientes.
Quem pode ser vacinado?
Renato afirma que, em princípio, a vacinação era restrita às pacientes de 9 a 26 anos. Entretanto, os meninos passaram a ser vacinados e existe benefício mesmo para pacientes que já tiveram o início da atividade sexual e estão acima dos 26 anos.
A vacina tem contraindicação?
Sim. "A vacina é contraindicada para gestantes e indivíduos com doenças agudas ou com hipersensibilidade aos componentes da vacina".
A vacina pode causar a infertilidade?
Segundo Renato de Oliveira, isso ainda não foi comprovado. "Há relatos de algumas adolescentes na Austrália, no Japão e na Inglaterra que apresentaram menopausa precoce e até mesmo infertilidade após terem tomado as doses da vacina". No entanto, ainda não há comprovação de que ela tenha causado esses problemas, nem que os tenha desencadeado.