"O primeiro transplante humano de cabeça em cadáveres já foi feito", anuncia Canavero aos jornalistas de todo o mundo. Ele também é diretor do Grupo Avançado de Neuromodulação, que fica em Turim, na Itália. Conforme o médico, a cirurgia inédita teria sido feita por uma equipe liderada pelo cirurgião chinês Xiaoping Ren, com quem vem trabalhando no procedimento polêmico.
"Este foi o passo final para que o transplante de cabeça se torne um tratamento", garante o neurocirurgião, que já tem uma cobaia viva: o programador russo Valeri Spiridonov, de 30 anos, que é vítima da atrofia muscular espinhal – uma grave doença degenerativa de origem genética. Em 2015, o jovem já havia anunciado que se submeteria à uma intervenção cirúrgica pioneira e controversa.
No caso do programador, ele precisará do corpo de um doador com morte cerebral, mas que esteja saudável. O cérebro de Spiridonov terá de ser resfriado a uma temperatura entre 10 e 15º C, para que não haja deterioração das célular cerebrais – não sobrevivem sem oxigênio. A medula espinhal, por sua vez, será "desconectada" do corpo por meio de um bisturi diferenciado, extremamente afiado, para, em seguida, ser "religada" com "uma cola especial".
Terminada a cirurgia, o russo precisará ficar em coma induzido por três ou quatro semanas, para impedir que ele faça qualquer tipo de movimento.
Em cobaias
Em maio deste ano, Sergio Canavero havia publicado um estudo no qual, juntamente com outro cirugião, conseguiu conectar a cabeça de um rato ao corpo de outro. A experiência foi publicada no periódico científico CNS Neuroscience and Therapeutics e foi repetida, com sucesso, várias vezes, deixando os roedores com duas cabeças.
A maioria das cobaias morreu em até 36 horas, mas o neurocirugião italiano explicou, na época, que o objetivo não era mantê-los vivos, mas sim, provar que é possível fazer o transplante de cabeça. Concluído o procedimento, foi possível verificar que o rato que tinha tido a cabeça transplantada conseguia ver e sentir dor, num sinal de que de o cérebro transplantado estava funcionando, apesar de ter sido separado do corpo original.
Assista, abaixo, a uma palestra, em inglês, de Canavero no TEDx Talks, em 2015:
(com portal Sapo).