Revista Encontro

Polêmica

Primeiro transplante de cabeça da história teria sido feito na China

O procedimento estaria a cargo do controverso médico Sergio Canavero e de uma equipe de cirurgiões chineses

João Paulo Martins
Após uma cirurgia que teria demorado 18 horas, uma equipe médica supostamente conseguiu concluir o primeiro transplante de cabeça em humanos.
O procedimento se deu entre cadáveres, na China, segundo o controverso neurocirurgião italiano Sergio Canavero. Em coletiva de imprensa realizada no dia 17 de novembro, em Viena, na Áustria, o médico explicou que o transplante serviu para mostrar que é possível religar a coluna vertebral, os nervos e os vasos sanguíneos.

"O primeiro transplante humano de cabeça em cadáveres já foi feito", anuncia Canavero aos jornalistas de todo o mundo. Ele também é diretor do Grupo Avançado de Neuromodulação, que fica em Turim, na Itália. Conforme o médico, a cirurgia inédita teria sido feita por uma equipe liderada pelo cirurgião chinês Xiaoping Ren, com quem vem trabalhando no procedimento polêmico.

"Este foi o passo final para que o transplante de cabeça se torne um tratamento", garante o neurocirurgião, que já tem uma cobaia viva: o programador russo Valeri Spiridonov, de 30 anos, que é vítima da atrofia muscular espinhal – uma grave doença degenerativa de origem genética. Em 2015, o jovem já havia anunciado que se submeteria à uma intervenção cirúrgica pioneira e controversa.

No caso do programador, ele precisará do corpo de um doador com morte cerebral, mas que esteja saudável. O cérebro de Spiridonov terá de ser resfriado a uma temperatura entre 10 e 15º C, para que não haja deterioração das célular cerebrais – não sobrevivem sem oxigênio. A medula espinhal, por sua vez, será "desconectada" do corpo por meio de um bisturi diferenciado, extremamente afiado, para, em seguida, ser "religada" com "uma cola especial".

Terminada a cirurgia, o russo precisará ficar em coma induzido por três ou quatro semanas, para impedir que ele faça qualquer tipo de movimento.
Ao mesmo tempo, ele receberá medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do novo corpo.

Em cobaias

Em maio deste ano, Sergio Canavero havia publicado um estudo no qual, juntamente com outro cirugião, conseguiu conectar a cabeça de um rato ao corpo de outro. A experiência foi publicada no periódico científico CNS Neuroscience and Therapeutics e foi repetida, com sucesso, várias vezes, deixando os roedores com duas cabeças.

A maioria das cobaias morreu em até 36 horas, mas o neurocirugião italiano explicou, na época, que o objetivo não era mantê-los vivos, mas sim, provar que é possível fazer o transplante de cabeça. Concluído o procedimento, foi possível verificar que o rato que tinha tido a cabeça transplantada conseguia ver e sentir dor, num sinal de que de o cérebro transplantado estava funcionando, apesar de ter sido separado do corpo original.

Assista, abaixo, a uma palestra, em inglês, de Canavero no TEDx Talks, em 2015:



(com portal Sapo).