Segundo a psicóloga Sônia Eustáquia, é possível perceber quando uma ação se torna vício. "Percebemos que está viciada quando a pessoa, ou outro que conviva bem perto dela, começa a observar que caiu a produtividade de seu trabalho, estudos ou até mesmo a diminuição do interesse sexual. A linha que separa o normal do patológico pode ser tênue e imperceptível à primeira vista, porque a pessoa dá desculpas que o excesso de uso faz parte do trabalho", comenta a especialista.
Ainda de acordo com a psicóloga, o uso normal do aparelho celular pode ser percebido quando a pessoa consegue desligá-lo durante uma sessão de cinema; no ambiente de trabalho; em consultas médicas; nos cultos da igreja; na sala de aula; ou em outros locais nos quais o uso é considerado inconveniente. Portanto, o uso abusivo é justamente o contrário disso, é não dar conta de desligá-lo hora nenhuma. "No início, a pessoa só precisa manter o celular ao alcance. Depois, ele tem que estar junto, mesmo em um bolso ou na mão. A partir deste momento, tudo que ela resolvia com o computador, que de certa forma lhe exigia um ritual, como ligar, sentar em uma mesa etc., deixa de ser necessário", afirma Sônia Eustáquia.
Afeta as relações
Outro problema gerado pela nomofobia é a interferência do uso excessivo do smartphone no convívio social. Durante um jantar a dois, por exemplo, se casal fica acessando aplicativos de conversa, é possível perceber como o celular afeta a relação. "Tudo isso gera brigas e descontentamento em relação a familiares e amigos. Entre os casais, também pode gerar ciúmes e desconfianças", diz a psicóloga, que também é sexóloga.
Além disso, a especialista alerta que a dificuldade em manter a comunicação face a face está aumentando a disseminação dos aplicativos de troca de mensagens virtuais. "O bom é que, muitas vezes, a barreira da timidez é vencida, fazendo uso do aparelho de telefone. Outras vezes, porém, é muito ruim, porque fomenta mais ainda a comunicação não verbal", comenta Sônia.
Ela lembra que, para amenizar a dependência do celular, o acompanhamento psicológico é sempre a melhor solução. "Geralmente, as terapias têm caráter breve e passam por uma avaliação ou diagnóstico antes de se iniciar qualquer trabalho psicoterapêutico. Quase nunca é preciso o uso de medicação", comenta a psicóloga.