Segundo a endocrinologista Amália Lucy Querino, o diabetes gestacional nem sempre pode ser prevenido porque parte do problema está relacionado às alterações hormonais típicas desse período. "Na mulher grávida, a placenta precisa assegurar alimento [açúcar] para o embrião. A disglicemia é a alteração metabólica mais comum na gravidez, sendo o diabetes gestacional a forma mais prevalente, definido como uma alteração da glicemia de qualquer grau, detectada pela primeira vez nos exames do pré natal. A ocorrência da doença tem aumentado nas últimas décadas, devido a dois importantes fatores de risco: a prevalência do sobrepeso na população e ao fato de as mulheres estarem adiando a hora de engravidar", explica a especialista.
Também pode acontecer de a mulher já ser diabética antes da gravidez. Neste caso, há um risco maior de malformação do feto, pois o açúcar alto interfere na fertilização e na implantação do embrião, afetando de modo particular a organogênese. Esse fato faz aumentar o risco de aborto precoce, defeitos congênitos graves e retardo no crescimento fetal, sobretudo nos casos tratados de maneira inadequada. Além das complicações fetais, as manifestações maternas também são relevantes, em especial naquelas mulheres que já eram diabéticas antes de engravidar, uma vez que o estado gestacional pode causar ou piorar complicações prévias, como problemas na visão, nos rins e nos vasos sanguíneos.
Não é incomum que uma mulher só descubra que é diabética nos exames do pré-natal. Por isso, o ideal, na opinião de Amália Querino, é uma gestação programada e, na presença de fatores de risco (obesidade, idade maior que 35 anos e história familiar) aconselha-se o rastreio de diabetes, para evitar aquelas complicações da fase inicial da gestação.
Tanto o diabetes prévio quanto o gestacional aumentam o risco de parto prematuro e ganho de peso exagerado do bebê, além de complicações neonatais, como hipoglicemia e icterícia. Três em cada 10 gestantes continuam diabéticas após o parto. "Esse é um dos motivos para a recomendação de mulheres se submeterem a novo exame de glicemia de jejum cerca de dois meses depois do parto. Mulheres que já eram obesas antes da gravidez têm mais risco de continuar diabéticas", esclarece a endocrinologista.
Muitas vezes, a doença aparece na segunda metade da gestação, na medida em que a placenta amadurece e libera mais hormônios. A única maneira de saber é fazendo o teste de glicose no pré-natal e, se necessário, o teste de tolerância à glicose, em que a gestante toma um líquido doce e um exame de sangue indica se o corpo reage.
"Acima de tudo a prevenção continua sendo o melhor remédio. Caso não haja contraindicação obstétrica, inicie ou não deixe de fazer atividade física e mantenha uma alimentação equilibrada evitando grande quantidade de carboidratos e bebidas açucaradas. Mas, faça tudo sempre com orientação médica. Assim, você conseguirá controlar o açúcar durante toda a gestação", afirma Amália Querino.