
Segundo a oftalmologista Tatiana Nahas, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o blefaroespasmo é caracterizado por contrações espasmódicas bilaterais dos músculos ao redor dos olhos, especificamente da musculatura que controla o movimento da pálpebra e dos cílios. "Essas contrações, que são chamadas de espasmos, fazem com que as pálpebras se fechem", comenta a especialista.
O problema, geralmente, começa com um simples piscar continuado, mas pode se arrastar por dias ou até mesmo por semanas, afetando a qualidade de vida da pessoa. "Se não tratado, o blefaroespasmo irá evoluir para a chamada cegueira funcional", afirma a médica.
Até agora, a causa exata dessa condição rara permanece desconhecida. Entretanto, alguns estudos apontam que a genética é importante, já que é comum encontrar membros de uma mesma família que desenvolveram a condição. Além disso, eventos estressantes, como morte de cônjuge, perda de emprego, infidelidade conjugal, problemas financeiros, entre outros, estão ligados ao desencadeamento desse tipo de espasmo.
Sintomas
No início, o paciente poderá relatar aumento da frequência ou duração do ato de piscar, assim como dificuldade de manter os olhos abertos. A maioria dos pacientes pode apresentar uma produção de lágrimas deficiente. Isso leva à irritação dos olhos e, consequentemente, a piora dos espasmos. Estudos mostram que, no início da condição, mais da metade dos pacientes com blefaroespasmo apresentam queixas oftalmológicas de irritação, fotofobia (sensibilidade à luz), olho seco ou sensação de corpo estranho.
"Nota-se que, ao longo de algumas semanas, os espasmos ficam cada vez mais frequentes e, com isso, pode surgir a cegueira funcional que leva a outras situações como isolamento social e incapacidade para o trabalho. O comprometimento das atividades da vida diária, como dirigir, ver TV, ler ou sair de casa sozinho é importante em pessoas com blefaroespasmo", comenta Tatiana Nahas.
Tratamento
Um dos tratamentos mais efetivos para o problema é o uso da toxina botulínica. A substância é injetada nos músculos afetados para enfraquecê-los e bloquear os impulsos nervosos que levam a essa contração ininterrupta. "Geralmente, é preciso repetir o procedimento a cada três ou quatro meses", comenta a médica.
Nem todos os casos respondem ao tratamento com a toxina botulínica. Para estes, é recomendada a cirurgia. "Uma das opções cirúrgicas é remover toda a musculatura da pálpebra superior e parte da pálpebra inferior. Essa técnica é chamada de miectonia limitada. Ela melhora os aspectos funcionais e os estéticos do paciente", afirma a oftalmologista.