Ficar muito tempo parado, como numa viagem prolongada de avião, pode ser risco para o surgimento da Trombose Venal Profunda. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), esse problema, que afeta as veias, em 90% dos casos, atinge principalmente os vasos das pernas. Este pode ter sido o caso da atriz Suzana Vieira, de 75 anos, que precisou ser internada num hospital do Rio de Janeiro, na segunda, dia 18 de dezembro, após voltar de uma viagem que fez aos Estados Unidos. Ela recebeu tratamento com anticoagulantes e passa bem. A artista usou sua conta oficial no Instagram para agradecer o apoio dos fãs.
"Oi meus amores! Meu coração está que não se aguenta de tanto amor que recebi de vocês hoje [...] Aproveito para tranquilizar a todos e dizer que estou no hospital como procedimento de segurança e para me recuperar mais rápido, mas muito em breve estarei em casa, se Deus quiser", diz Suzana Vieira em publicação feita na madrugada desta terça, dia 19 de dezembro.
Vale dizer que a Trombose Venal Profunda pode causar embolia pulmonar e até levar ao óbito. O problema pode surgir também devido a cirurgias de médio e grande portes, traumatismo, gestação ou outras situações que obriguem a uma imobilização prolongada.
Conforme a SBACV, pessoas com idade avançada, dificuldades de coagulação, insuficiência cardíaca, obesas, fumantes e adeptas de usam anticoncepcionais ou tratamento hormonal são as que correm maior risco de desenvolver a doença. Aliás, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte previsível em todo mundo.
Aproveitando a repercussão do caso de trombose da atriz Suzana Vieira, a Agência Brasil conversou com o médico Gutemberg Gurgel, para esclarecer algumas dúvidas sobre a doença:
Anticoncepcional e cigarro
Apontada como grande fator de risco para a ocorrência de trombose entre as mulheres, a combinação de cigarro e pílula, de fato, pode favorecer a ocorrência da doença. Isso porque o cigarro é um vasodilatador, ao passo que o hormônio provoca alterações nas paredes das veias, diminuindo a velocidade da circulação. O resultado não é necessariamente o trombo (coágulo), mas pode ocorrer, especialmente, se associado a outros fatores de risco, como obesidade, tendência familiar e vida sedentária. Por isso, o médico alerta sobre o uso precoce de anticoncepcionais, que têm sido indicados para tratamento de pele de adolescentes, por exemplo, e recomenda evitar o tabagismo.
Gravidez
Mulheres grávidas também devem ficar atentas. A maior quantidade de hormônios femininos circulando no corpo pode desencadear aumento da coagulação. Além disso, o médico explica que o aumento do útero promove a contração dos vasos pélvicos, dificultando o retorno do sangue. Mais uma vez, os casos são mais recorrentes em pacientes que possuem tendência à coagulação. Como forma de prevenir problemas, além do uso de meias de compressão, Gutemberg Gurgel destaca a importância da prática de atividades físicas especialmente no caso das mulheres grávidas e também de pessoas que vão passar períodos longos com dificuldades de se movimentar, o que ocorre, por exemplo, durante viagens. "É importante usar as meias e buscar caminhar um pouco, pelo menos, a cada duas horas", explica. Contrair o músculo da panturrilha e colocar o pé no chão também podem ajudar. Em todos os casos, destaca: é preciso tomar água e evitar a desidratação, sobretudo em ambientes fechados e refrigerados por ar-condicionado.
Cirurgias
Em cirurgias e no pós-operatório, o médico explica que há protocolos sobre o uso prévio ou posterior de medicação específica. A situação é delicada, pois envolve risco de hemorragia. Mas, segundo ele, novos medicamentos têm sido desenvolvidos para facilitar o uso, inclusive por via oral, sem necessidade de injeção, o que garante maior segurança ao diminuir o risco de sangramento.
Sintomas
Gutemberg Gurgel alerta que a Trombose Venal Profunda é, em geral, assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Para evitar surpresas, ele indica que pessoas afetadas pelos fatores de risco busquem pesquisar a situação da circulação sanguínea do corpo, pois a presença de alguma anormalidade genética pode ser decisiva. Outra sugestão é atentar para o aparecimento de edemas, sobretudo quando surgem sem serem precedidos por pancadas e acompanhados por dor ao caminhar.
(com Agência Brasil)