Estado de Minas SAÚDE

Bactérias resistentes desafiam o tratamento da tuberculose

No Brasil, em 2017, 10 pacientes com tuberculose adquiriram resistência aos antibióticos


postado em 04/01/2018 15:25 / atualizado em 04/01/2018 15:30

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Além de ser uma doença que afeta milhares de pessoas no Brasil, a tuberculose também se mostra um desafio para as autoridades de saúde em relação às formas de tratamento. Isso porque exstem cada vez mais bactérias resistentes aos antibióticos mais usados.

Nos últimos anos, no país, quase duas mil pessoas desenvolveram tuberculose resistente às principais drogas de tratamento. A resistência extrema, que atinge quase todos os medicamentos da terapia, foi confirmada em apenas 10 pacientes brasileiros no último ano, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mas em outros países da América, como o Peru, a situação de alta resistência aos antibióticos da tuberculose já é considerada epidemia pela entidade da ONU. "É uma epidemia, a tuberculose resistente. A extremamente resistente está em fase de crescimento alarmante no Peru. No Brasil, temos pouquíssimos casos, que se conta nos dedos das mãos e estão bem controlados, estão recebendo tratamento pra tuberculose extremamente resistente", comenta Fábio Moherdaui, consultor nacional de tuberculose da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

A organização alerta que a tuberculose resistente aos principais medicamentos de tratamento se tornou uma ameaça no mundo. No último ano, segundo as estatísticas disponíveis, havia 600 mil novos casos de resistência à rifampicina, antibiótico mais efetivo contra a doença. Dentre esses casos, 490 mil também eram resistentes às outras drogas que compõem a terapia contra tuberculose. Metade dos casos foram diagnosticados na Índia, China e Rússia, países que junto com o Brasil e a África do Sul compõem o bloco chamado Brics.

Estima-se que, no mundo, pelo menos 700 mil pessoas já morreram por resistência antimicrobiana e que um quarto desses óbitos foram causados pela tuberculose. Se o número de casos de resistência aos antibióticos seguir essa tendência, até 2050 morrerão cerca de 10 milhões de pessoas devido à ineficácia dos antibióticos, ou seja, uma pessoa a cada três segundos, segundo as estimativas internacionais.

Pesquisas

Há vários estudos em andamento com o objetivo de tornar o tratamento da tuberculose mais curto, barato e com menos efeitos adversos para o paciente. Mas a maioria dos medicamentos que têm apresentado resultados positivos de cura ainda não está disponível no mercado.

"Desde meados da década de 1960 que a gente não tinha drogas novas para tratar a tuberculose. Até que, recentemente, foram desenvolvidas duas moléculas, bemaquilina e delamanide, mas que ainda estão em fase de pesquisa para se tornarem realmente efetivas para o tratamento", diz o infectologista Rafael Sacramento. Os resultados, no entanto, podem levar alguns anos para serem consolidados e chegar ao mercado.

Algumas das pesquisas desenvolvidas com as novas drogas foram apresentadas durante a 48ª Conferência Internacional sobre Doenças Pulmonares, na cidade de Guadalajara, no México, em outubro do ano passado. Um dos estudos apontou que o tratamento baseado em novas drogas aumenta em seis vezes a chance de cura dos pacientes infectados pela tuberculose multirresistente.

Ele foi realizado em 15 países que apresentam diferentes programas de controle da doença. O Brasil não foi incluído no projeto por não se enquadrar no perfil de país com média e alta renda e também por apresentar poucos casos de tuberculose resistente.

(com Agência Brasil)

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