"Mutações no DNA podem ser importantes marcadores para o câncer. Para conseguir identificar a mutação, nós desenvolvemos um pequeno, mas robusto, exame que pode detectar ao menos uma mutação entre os vários tipos de cancros", comenta o cientista Joshua Cohen, principal autor do estudo, no artigo de apresentaçã da pesquisa. Ele lembra que o grande desafio é conseguir manter o leque de mutações pequeno para minimizar os falsos positivos e garantir a acessibilidade do teste.
Inicialmente, os pesquisadores da Johns Hopkins analisaram centenas de genes e 40 proteínas que servem de marcadores para os tumores, até chegarem a apenas 16 genes e oito proteínas. Em uma avaliação feita com um grupo de controle que contava com 812 pessoas sadias, o teste sanguíneo registrou apenas sete falsos positivos. "Isto é importante porque falsos positivos podem levar pacientes a fazerem testes e procedimentos invasivos desnecessários para detectar a presença do câncer", esclarece o professor Kanneth Kinzler, da Johns Hopkins e co-autor do estudo.
Já em relação ao uso prático do novo exame, os pesquisadores americanos testaram mais de mil pacientes que são vítimas de câncer de ovário, fígado, estômago, pâncreas, esôfago, cólon, pulmão e mama, não metastáticos (não espalharam para outras áreas). No estudo, a sensibilidade do teste de sangue chegou a 70%, sendo que o câncer de ovário foi o de melhor detecção, com 98%; e o pior foi o câncer de mama, com 33%. Para cinco tipos de tumores, que não podem ser detectados por exames tradicionais, ou seja, os que afetam ovário, fígado, estômago, esôfago e pâncreas, a sensibilidade do novo teste variou entre 69% e 98%.
"O diferencial do nosso método de detecção é que ele combina a probabilidade das mutações do DNA com os níveis de proteínas para, então, dar o resultado final", explica o professor Cristian Tomasetti, outro co-autor da pesquisa e que ficou responsável por criar o algoritmo que faz a identificação das mutações e das proteínas no computador. "Outro aspecto importante da nossa abordagem é que ela usa a inteligência artificial da máquina para deixar o teste com mais precisão. A localização do tumor foi possível em 83% dos pacientes", completa Tomasetti.
O novo exame criado pela Universidade Johns Hopkins foi chamado de CancerSEEK (buscador de câncer, em tradução livre), e tem tudo para ser usado como um teste de rotina na detecção de tumores. A ideia é que ele custe menos do que outros exames comuns, indicados para alguns tipos de câncer, como a colonoscopia.Os cientistas acreditam que o CancerSEEK possa custar menos de US$ 500 (cerca de R$ 1,6 mil) quando chegar ao mercado.