A pesquisa representa um avanço enorme para o enfrentamento da Aids, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, que apresentam altos índices de infecção pelo vírus HIV, como várias localidades da África. A essas nações será assegurada a licença de produção e de uso interno, sem a necessidade de pagamento de royalties. A concessão da comunidade científica visa dar uma resposta eficaz e eficiente a um problema gravíssimo que ultrapassa as fronteiras do caráter meramente social, econômico e humanitário. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a cada cinco óbitos na África Subsaariana, um é causado pela Aids.
O trabalho da Embrapa recebeu o prêmio nacional na área de saúde e serviços humanos do Consórcio Federal de Laboratórios dos EUA em 2018. A entidade reúne cerca de 300 laboratórios de renomadas instituições de pesquisa e ensino americanas, como o Departamento de Agricultura e as Universidades de Cornell, da Carolina do Norte e de Maryland, entre outras. A investigação já tinha sido reconhecida, em 2017, como um trabalho de excelência na transferência de tecnologia na área, em nível regional.
As pesquisas sobre o tema são antigas.
Foi a cooperação técnica entre a Embrapa e as entidades dos Estados Unidos, Inglaterra e África do Sul que proporcionou o avanço das pesquisas na área de biotecnologia. A empresa brasileira, que tem a patente da engenharia genética da soja, teve participação fundamental no estudo. "Faltava descobrir uma forma eficiente e econômica para produzir a proteína em alta escala. Agora será possível a produção desse tipo de semente de soja direcionada para o setor farmacêutico", explica o engenheiro agrônomo Elíbio Rech, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e que coordenou a participação brasileira na pesquisa.
As sementes geneticamente modificadas inoculadas com proteína cianovirina não podem ser utilizadas como alimento. Tampouco serão plantadas no campo. Elas serão cultivadas em áreas controladas, como estufas, sob monitoramento de cientistas. "As condições de plantio serão definidas pela CNTBio", alerta Rech. CNTBio é a sigla da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, um colegiado multidisciplinar do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que estabelece normas técnicas de segurança, referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam Organismos Geneticamente Modificados e derivados..