Os testes foram realziados em roedores. "Nós descobrimos que o aminoácido asparagina está associado à metástase. Quando fornecemos dietas com baixa quantidade de asparagina para as cobaias, ou os tratamos com o medicamento L-Asparaginase, que destroi a asparagina, a metástase foi reduzida", comenta Simon Knott, um dos autores do estudo. A hipótese da equipe é de que, quando o câncer de mama está na fase primária, o consumo de asparagina está fortemente associado à disseminação posterior do tumor.
Para o mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o estudo é inovador ao ajudar na compreensão da disseminação da doença e pode significar uma nova ferramenta para o tratamento desse tipo de cancro. "Buscar o que influencia na disseminação do câncer é fundamental tanto no câncer de mama quanto em qualquer outro. Esse estudo demonstra mais um caminho em que poderemos atuar, além de novas possibilidades terapêuticas", avalia o especialista.
Simon Knott, porém, ressalta que há muito a ser investigado: "Não estamos prontos para declarar que mulheres com câncer de mama deveriam mudar suas dietas alimentares, levando em conta apenas este estudo". Segundo o pesquisador, nos experimentos, o nível de asparagina foi associado à metástase, mas não houve evidência suficiente para se afirmar que uma dieta com baixo nível do aminoácido é beneficial para humanos.
Como a asparagina também é produzida pelo fígado, André Murad, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que, mesmo se confirmada a associação, seria mais fácil bloqueá-lo por medicamento do que por dieta. "Já existe o remédio, inclusive", justifica. Antes dos novos resultados, porém, o oncologista ressalta a importância de cuidar da dieta para se proteger de cânceres. "É preciso evitar alimentação rica em gordura animal, alimentos industrializados e ricos em gordura trans. Esses são muito prejudiciais, cancerígenos e aumentam a taxa de recaída do tumor", orienta o cientista.