Desde o ano 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que a indústria alimentícia acrescente ferro e ácido fólico às farinhas de trigo e milho. Esta medida também é adotada por outros países, como os Estados Unidos, que têm farináceos enriquecidos desde 1998. O motivo da adição de ácido fólico é para prevenir problemas na formação dos fetos. E esta informação acaba de ser comprovada, mais uma vez, por um estudo realizado pela Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, EUA.
Os pesquisadores analisaram como a redução no consumo de carboidratos, especialmente massas e pães, pode afetar a saúde do bebê. Após analisarem 11.285 gestações, entre os anos de 1998 e 2011, os cientistas descobriram que as mães que adotavam a chamada dieta low carb antes ou durante a gravidez tiveram risco aumentado de o feto desenvolver defeitos no tubo neural, o que pode causar danos cerebrais permanentes, com sequelas graves, e até mesmo a morte prematura da criança.
"Nós já sabíamos que a dieta da mulher antes e durante a gravidez exerce um papel fundamental no desenvolvimento do feto. A novidade é que a dieta com pouco carboidrato pode aumentar o risco de o bebê ter defeitos no tubo neural em até 30%", comenta a pesquisadora Tania Desrosiers, em entrevista para o site da Universidade da Carolina do Norte. "Isso é preocupante, especialmente porque as dietas low carb estão na moda", acrescenta a especialista.
A cientista recomenda que as mulheres que pretendem engravidar procurem orientação profissional antes de optar por qualquer tipo de restrição alimentar, como é o caso da dieta low carb, em que se retira o carboidrato das refeições do dia a dia.
Por isso, a Anvisa obriga a indústria alimentícia a fornecer ferro e ácido fólico nas farinhas de trigo e milho. Apesar destes ingredientes poderem ser adquiridos por meio de suplementos, muitas mães acabam engravidando de forma não planejada, o que pode representar a falta desses nutrientes e, consequentemente, um risco antecipado de o bebê ter problemas de formação, especialmente no cérebro.
Tania Desrosiers esclarece ainda que são necessárias novas investigações para entender exatamente como o consumo de carboidratos se relaciona diretamente com os prejuízos no tubo neural do feto.