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Polêmica

Muitas receitas são feitas à base de maus-tratos de animais, sabia?

Lagosta cozida viva e foie gras são exemplos de preparos que causam polêmica

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No início deste ano, uma lei que entrou em vigor na Suíça proibiu o uso de lagostas e camarões vivos em receitas.
"Os crustáceos vivos, incluindo a lagosta, não podem mais ser transportados em gelo ou em água gelada. As espécies aquáticas devem sempre ser mantidas em seu ambiente natural. Os crustáceos devem, agora, ser dopados antes de serem mortos", diz o texto da legislação recém aprovada, e que entrará em vigor em março próximo.

Tradicionalmente, em muitos países europeus, o costume é colocar as lagostas vivas diretamente na água fervente. Alguns cozinheiros, no entanto, também cortam um nervo perto da cabeça da lagosta para que, supostamente, não "sintam dor" durante o preparo. Esta ação ainda gera controvérsia no mundo científico.

Em 2008, uma pesquisa publicada no site ScienceDirect, especializado em conteúdo científico, revelou que os camarões – que foram usados como objeto de estudo – respondiam a estímulos considerados nocivos. As ameaças provocavam uma resposta no animal, o que não sucedia com o uso de anestesia local. Embora isso não confirme um possível sofrimento dos crustáceos durante os preparos, o resultado do estudo foi considerado uma vitória pelos defensores dos animais, na época.

Além dos crustáceos, outras espécies marinhas também são vítimas de receitas que representariam maus-tratos.
Uma delas é a que usa a técnica japonesa chamada de "odori don" (ou lulas vivas no prato, em tradução livre). Neste caso, uma lula ou um polvo, que ainda parece lutar pela sobrevivência, é servido dentro de um prato com vegetais, arroz e ovos. O odori don é um dos pratos mais representativos da cozinha oriental que, em outras culturas, e para protetores dos animais, é entendido como abuso.

Existem muitos vídeos na internet, especialmente no YouTube, mostrando como é feita e servida essa controversa técnica japonesa. Após o prato ser entregue ao cliente, ele deve "temperá-lo" com molho de soja e, neste momento, a lula parece "voltar à vida", agitando os tentáculos. Biólgos já esclareceram essa suposta "ressurreição" comos endo uma reação dos tecidos musculares e terminações nervosas, que continuam ativos por vários minutos depois da morte do animal.
O foie gras (patê de fígado), tradicional em muitas receitas francesas, talvez seja o produto que mais gera controvérsia em relação ao sofrimento dos animais - Foto: Revista Globo Rural/Editora Globo/Reprodução
Mas, receitas com crustáceos e moluscos não são as únicas que refletem a crueldade humana. Muitos produtos à base de carne e leite escondem a forma como são feitos. Ativistas costumam denunciar muitas fabricantes por se utilizarem da "dor" dos animais em suas fazendas e indústrias. Bichos são espancados, perfurados, forçados a entrar em matadouros e até mesmo abusados sexualmente.

As aves de criação, como galinhas, patos e gansos, talvez sejam os animais que mais sofrem no mundo. Elas vivem em pequenos cubículos, muitas vezes sujos, podendo receber drogas para crescer, num ritmo que afeta patas e órgãos vitais. O tradicional "foie gras" (patê de fígado) da França é uma das receitas que mais geram revolta nos protetores dos animais. O produto é obtido a partir do fígado hipertrofiado de um pato ou ganso que foi alimentado de forma exagerada.

De acordo com os franceses, o pato deve ser alimentado à força através de uma sonda, embora em outros países este prato seja proveniente de alimentação natural. Durante muitos anos, várias associações ambientais denunciaram esta prática, que já é ilegal em toda a União Europeia.

No Brasil, muitas cidades já proibiram o comércio de foie gras, como Belo Horizonte e São Paulo.

Assista, abaixo, a um vídeo de como o odori don é servido:



(com Agência Sputnik).