Como exemplo, Rodrigues conta que, há 20 anos, quando a produção média do milho no país era de duas toneladas por hectare, já havia áreas irrigadas produzindo em torno de 16 toneladas por hectare. Quando se produz mais na mesma unidade de área, evita-se a necessidade de ocupar mais terrenos com lavouras, além de se garantir produção até 2,5 vezes maior.
"Garante-se a estabilidade na produção de alimentos. No sequeiro , a produção é variável de ano para ano e tem essa incerteza. Não conseguiremos atender a demanda mundial de alimentos sem irrigação e precisamos de boa gestão e bom planejamento", comenta o pesquisador da Embrapa.
Lineu Rodrigues ressalta que existem regiões críticas e conflitos pelo uso da água no Brasil, mas que, de maneira geral, menos de 1% dos recursos hídricos são utilizados. "Em grande parte do Brasil, o desafio é a gestão e o planejamento. É preciso envolver a população na definição de planos de uso de recursos hídricos.
Para ele, o pequeno produtor é fundamental na produção de alimentos diretos para a população, principalmente perto dos centros urbanos. Por isso, ele acredita que esse produtor precisa se aproximar mais dos centros de pesquisa e se apropriar das tecnologias de irrigação, assim como, o estado e os governos precisam integrar as políticas públicas de segurança hídrica e alimentar.
"Temos tecnologias de diversos níveis e formas, das mais qualificadas às de custo barato. Quando o produtor, seja pequeno ou grande, começa a manejar sua irrigação, ele começa a ter noção de como está usando a água, a ter essa visão de que está integrado a um sistema maior", ressalta Lineu Rodrigues.
De acordo com Nelson Ananias Filho, coordenador de Sustentabilidade da Confederação Nacional da Agricultura, de toda a água que é outorgada pelo estado, dentro da lei, 70% são usados nas lavouras. Entretanto, 95% da produção ainda é sequeiro, não tem suporte suplementar de água. "Entendemos que a água existe, mas falta melhor planejamento. Mesmo durante o processo de escassez hídrica , a primeira torneira que fechou foi a da irrigação. Auferimos perdas no cinturão verde de São Paulo de até 50%, abrindo mão da água utilizada na irrigação para abastecimento urbano", comenta Ananias Filho.
(com Agência Brasil).