Abby Beckley, então com 26 anos, moradora do Oregon, nos Estados Unidos, estava trabalhando num barco de pesca de salmão no Alasca, em 2016, quando sentiu que algo estava fazendo seus olhos coçarem e ficarem irritados.
No pronto-socorro, o médico que a atendeu não sabia dizer o que estava acontecendo e apenas retirou quatro vermes do olho esquerdo de Abby. O especilista precisou entrar em contato com colegas da Escola de Medicina da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon. Quem "recebeu" o caso e percebeu que se tratava de algo inédito no mundo foi a pesquisadora Erin Bonura, uma das autoras do estudo recém publicado. "A paciente está com vermes saindo de seus olhos. O que podemos fazer?", teria dito o médico da clínica do Alasca em telefonema efetuado para a cientista, conforme divulgado no site da universidade.
Depois de enviarem amostras do verme para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, descobriram que se tratava do nematoide parasitário Thelazia gulosa, que, normalmente, afeta apenas animais, especialmente bois, vacas e cachorros.
Além disso, os cientistas descobriram que a americana teria sido infectada pela Thelazia quando estava cavalgando ou pescando no Oregon, um estado que é bem conhecido pela criação extensiva de gado. Alguma mosca, que normalmente se alimenta de lágrimas do gado, estava infestadas de vermes e deve ter pousado nos olhos de Abby, causando a infecção inédita em toda a história da Medicina.
Ao todo, foram retirados 14 parasitas dos olhos dela. Por sorte, esse tipo de infestação é fácil de ser tratada. De acordo com os médicos, medicamentos antiparasitários resolvem a maioria dos casos. Mas, se os vermes não tivessem sido retirados, eles poderiam arranhar a córnea e causar até problemas de visão.
"Infecções por Thelazia são mais comuns em animais, mas humanos podem ser hospedeiros acidentais. Este fato é inacreditavelmente interessante, e estou certa de que algumas pessoas ficarão com nojo, mas devem saber que é algo de que não precisam ter medo", comenta Erin Bonura ao site da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon..