Os dados fazem parte da pesquisa Demografia Médica 2018, feita pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com o patrocínio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). O levantamento conta ainda com informações de bancos de dados da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Comissão Nacional de Residência Médica.
De acordo com o estudo, em janeiro deste ano, o Brasil registrou um total de 452.801 médicos – uma média de 2,18 profissionais para cada grupo de mil habitantes. O sudeste é a região brasileira com maior densidade médica (2,81 profissionais para cada grupo de mil habitantes), contra 1,16 no norte e 1,41 no nordeste.
Dados do levantamento demonstram que somente o estado de São Paulo concentra 28% do total de médicos no país. O Distrito Federal, por sua vez, é a unidade federativa com a média mais alta por habitante (4,35), seguido pelo Rio de Janeiro (3,55). Já o Maranhão mantém a menor densidade demográfica de médicos (0,87), seguido pelo Pará (0,97).
De acordo com o relatório, as capitais brasileiras chegam a registrar até quatro vezes mais médicos que municípios do interior. Juntas, as 27 capitais do país reúnem 23% da população brasileira e 55% desses profissionais. A razão nas capitais é de 5,07 médicos para cada grupo de mil habitantes, contra um índice de apenas 1,28 identificado no interior do país.
Para Lincoln Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira, o aumento do número de médicos e a má distribuição têm relação direta com o que a abertura de novas escolas e cursos de Medicina e com o que ele chama de política de transbordamento.
Já Carlos Vital, presidente do Conselho Federal de Medicina, avalia que uma boa distribuição de profissionais depende de estímulo, vontade política e investimento adequado. Ele volta a cobrar, entre outras medidas, a implementação de uma carreira de estado para médicos, além de formação adequada de profissionais. "Os desafios estão postos. O cuidado de um ser humano vai muito além da técnica", completa.
Mais mulheres e jovens
A pesquisa aponta que o crescimento no número de médicos vem acompanhado de uma mudança no perfil dos profissionais no que diz respeito à idade e ao gênero, com destaque para o que o relatório chama de feminização e juvenização da categoria.
Os dados mostram que a participação da mulher no contingente de médicos brasileiros é cada vez mais significativa. Atualmente, os homens ainda são maioria entre os profissionais, representando 54,4% do total, enquanto as mulheres somam 45,6%. O sexo feminino já predomina, por exemplo, entre médicos mais jovens, sendo 57,4% no grupo até 29 anos e 53,7% na faixa etária de 30 a 34 anos.
Outra constatação citada pelo levantamento é que a média de idade do conjunto de profissionais em atividade no Brasil tem caído ao longo dos anos. Atualmente, o índice é de 45,4 anos, resultado do aumento da entrada de novos médicos no mercado em razão da abertura de mais cursos de medicina. A média de idade entre os homens é de 47,6 anos e, entre as mulheres, de 42,8 anos.
(com Agência Brasil).