Revista Encontro

Ciência

Cientistas descobrem que veneno da cascavel pode matar bactérias

Um componente do veneno seria uma espécie de antibiótico natural

João Paulo Martins
Um estudo feito na Austrália mostra que o veneno da cobra cascavel (dos gêneros Crotalus e Sistrurus) possui um componente que pode atuar como antibiótico.
O resultado foi publicado no periódico científico Journal of Biological Chemistry.

A pesquisa australiana foi realizada na Universidade de Queensland e, segundo os cientistas, esses animais peçonhentos poderão ajudar a combater a crescente resistência das bactérias aos antibióticos, bem como suprir a escassez de novos remédios. A informação foi divulgada pelo tabloide britânico Daily Mail.

"Este é um exemplo sobre como pegar algo que a natureza nos deu e tentar entender como funciona, para que possamos transformar em um produto mais potente, mais estável e parecido com um remédio alternativo aos que temos na farmácia, hoje em dia", comenta Sónia Troeira Henriques, investigadora portuguesa da Universidade de Queensland e uma das autoras do estudo.

O relatório dos pesquisadores mostra que peptídeos presentes no veneno da cascavel é capaz de eliminar várias espécies de bactérias. A substância atinge a superfície do micro-organismo por meio de atrações eletroestáticas provocadas pelas diferenças nas características magnéticas da membrana. Neste caso, o peptídeo tem carga positiva, enquanto a bactéria é negativa, o que permite matar o patógeno destruindo sua membrana externa.

"Como as células sadias do corpo infectado pela bactéria são neutras, elas não se desfazem", diz Sónia Henriques.

A investigação australiana contou com a participação de cientistas de todo o mundo, incluindo Portugal, Espanha e Brasil.

Agora, a equipe de pesquisadores vai tentar encontrar na natureza outros peptídeos, potencialmente capazes de combater doenças, especialmente em relação ao câncer de mama e melanoma (de pele).

(com Agência Sputnik).