Alguns sintomas do problema, como falta de concentração; desinteresse; hiperatividade e isolamento social podem ser confundidos com o TDAH. No entanto, esses mesmos sintomas podem ser consequência do TPA, que é reconhecido pela Medicina há apenas 15 anos e, por isso, ainda pouco diagnosticado pelos médicos.
Essa condição afeta a capacidade de compreensão dos sons e pode prejudicar o desenvolvimento intelectual desde a infância. A criança ouve normalmente, mas não consegue interpretar o som. É como se as palavras e demais sons fossem apenas ruídos. "A criança ou adolescente com TPA não consegue discriminar os sons quanto à sua localização e amplitude e não reconhece ou não compreende o significado de cada som presente no ambiente.
Como a vítima do transtorno faz muito esforço para entender o que está acontecendo ao redor, o cérebro acaba "desistindo" de tentar compreender a fonte sonora. Por isso, as pessoas com TPA são sempre muito distraídas e perdem o foco de atenção muito rápido sobre o que está acontecendo à sua volta. "Em condições normais, localizar o som é entender a sua origem, direção e distância; é perceber o que é o badalar do sino da igreja ou a buzina de um carro. Logo, ter uma boa audição e ouvir bem nem sempre é o suficiente para compreender os sons e como esses sons são processados no cérebro", afirma a especialista.
Quem sofre com o TPA também tem a fala e a leitura prejudicadas, uma vez que o processo de linguagem se desenvolve ao mesmo tempo que o da audição. Com isso, a criança pode não aprender a falar nem a ler bem, já que é necessário associar as palavras ao som que elas têm.
Em relação ao diagnóstico, a fonoaudióloga esclarece que ele é dado geralmente na fase de alfabetização da criança, uma vez que o aluno começa a apresentar perda de memória de curto prazo, pouca concentração e incapacidade de leitura e escrita, na escola. O que acontece é que essas crianças ouvem claramente a voz do professor mas têm dificuldade para entender o enunciado de problemas e interpretar textos, atropelando as palavras durante a leitura, com grandes prejuízos na fase de alfabetização.
"É de extrema importância que o diagnóstico seja efetuado o quanto antes para que os problemas no aprendizado sejam superados mais facilmente. O cérebro humano tem, principalmente durante a infância, uma grande flexibilidade. Com o tratamento fonoaudiológico e o apoio de uma equipe pedagógica, desde cedo, a criança tem grandes chances de obter um ótimo desempenho escolar, pois seu cérebro será treinado para desenvolver rotas alternativas para driblar o transtorno", orienta Marcella Vidal.
Não se sabe ao certo como o transtorno do processamento auditivo surge, mas os cientistas acreditam que a falta de estímulos sonoros durante a infância seja uma das causas. As estruturas do cérebro que interpretam e hierarquizam os sons se desenvolvem até os 13 anos. Até essa idade, as notas musicais, as palavras e os barulhos do dia a dia vão lentamente ensinando o cérebro a lidar com a audição. Alguns pesquisadores destacam que crianças com lesões ou inflamações frequentes no ouvido médio podem desenvolver o TPA. Doenças neurodegenerativas, rubéola, sífilis e toxoplasmose ou mesmo alcoolismo, dependência química materna e até mesmo anóxia (falta de oxigênio) no parto também podem causar o transtorno. Porém, nada ainda foi comprovado cientificamente..