A tragédia da barragem é considerada a pior da história do Brasil. Foram 19 mortos, centenas de imóveis destruídos, milhares de pessoas desabrigadas e danos ambientais que, com a poluição do rio Doce, se estenderam aos estados do Espírito Santo e da Bahia.
Em um primeiro momento, a verificação da situação das águas da bacia afetada acabou sendo feita por equipes que estavam em campo. Uma delas era a do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Sem saber a real dimensão que o desastre poderia ter, uma equipe de dois técnicos foi deslocada no dia 6 de novembro para verificar o nível das águas (e da lama) no rio Doce.
Independentemente da qualidade da água, o temor naquele momento era que a onda de lama invadisse outras cidades (como Governador Valadares) e comunidades ribeirinhas. De acordo com o pesquisador Márcio Cândido, engenheiro do CPRM, era inviável fazer muitas avaliações naquele instante. "O nível de sedimentos era tão grande que nem era possível colocar um barco no rio Doce", diz o especialista.
Paralelamente ao monitoramento do CPRM, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) intensificou os trabalhos e começou a analisar a qualidade da água diariamente.
Mesmo diante do desastre, uma informação acalmou um pouco os técnicos. Metais tóxicos como mercúrio e chumbo estavam nos níveis normais. "Vimos que o impacto foi mais físico e social do que químico. Houve impacto, mas quimicamente não foi tão danoso. Nas análises químicas não foi detectada nenhuma alteração fora do comum de metais que possam ser absorvidos", comenta Márcio Cândido. O pesquisador aponta ainda que o tipo de mineração na região foi decisivo para que o rio Doce não sofresse um impacto ainda maior. "Se fosse uma mina de ouro que tivesse barreado em Mariana, o acidente teria um impacto, dadas as proporções, semelhante ao desastre de Chernobil por causa dos elementos utilizados na extração de ouro", diz.
(com Agência Brasil).