Segundo a fisioterapeuta Walkiria Brunetti, com o aumento das mamas e do abdômen, há um deslocamento do centro de gravidade para frente. "Isso leva a mudanças na postura; redução do arco plantar; hiperextensão [alongamento exagerado] dos joelhos; e anterversão [inclinação para frente] pélvica. Essas alterações acentuam a lordose lombar, causando tensão na musculatura ao redor da coluna, podendo levar às dores", esclarece a especialista.
Ainda de acordo com a fisioterapeuta, a compressão dos grandes vasos causada pelo útero leva à redução do fluxo de sangue na medula. "A má circulação nas estruturas da coluna gera dor, e isso costuma ser mais comum no último trimestre da gestação. Também surge a retenção hídrica [inchaço] e a frouxidão dos ligamentos, provocada pela relaxina, hormônio secretado na gravidez, que torna a mulher mais suscetível à dor", afirma Walkiria Brunetti.
Um estudo publicado no periódico científico Journal of Physical Therapy Science, em 2016, mostra que o peso da mulher aumenta de 15 a 25% durante a gravidez, o que causa um impacto maior em tendões, ligamentos e juntas. "Quanto maior o ganho de peso na gestação, maior a chance de ocorrer instabilidade na coluna e aumento da lordose lombar, o que resulta em dor. Por isso, controlar o ganho de peso é fundamental", comenta a especialista.
Ela lembra que o corpo feminino está preparado para as alterações causadas pela gestação, mas isso não significa que não possam surgir dores ou problemas de postura. "Além de controlar o peso, é importante procurar alguma atividade física que ajude a trabalhar a postura, assim como a fortalecer os músculos responsáveis pela estabilidade da coluna. Um bom exemplo é o pilates", diz a fisioterapeuta.
O pilates ajuda no fortalecimento da musculatura do core, que dá estabilidade para a área pélvica e para a coluna. Além disso, melhora a respiração. Todos esses aspectos são importantes para a gestante, tanto para enfrentar a gravidez com mais conforto, como também para o momento do parto.