Revista Encontro

Bem-estar

Quem não tem problema cardíaco, não precisa fazer dieta restritiva

Especialista lembra que existem algumas gorduras e carboidratos complexos que fazem bem para o coração

Da redação com assessorias
Normalmente, as pessoas associam o consumo de alimentos gordurosos ao risco de surgimento de doenças cardiovasculares.
É normal que pacientes precisem fazer dietas restritivas. Mas, para quem não apresenta risco cardíaco, retirar toda forma de gordura do cardápio pode não ser o recomendado.

Durante o congresso da Sociedade de Ressonância Magnética Cardiovascular, realizado na Espanha entre janeiro e fevereiro deste ano, foi apresentado o resultado de uma pesquisa que examinou os efeitos das dietas de alta restrição calórica sob a saúde cardíaca. Realizado pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, com 21 voluntários obesos, na faixa dos 52 anos, o estudo mostra que esse tipo de dieta causa um aumento provisório nos níveis de gordura no coração, além de prejudicar a capacidade de bombeamento do sangue.

Embora o consumo exagerado de lipídios e carboidratos contribua para o aparecimento de doenças cardiovasculares, existem alimentos com tipos de gorduras específicas que contribuem para o bom funcionamento do coração. "É comum que, na tentativa de eliminar alguns quilos, as pessoas adotem dietas extremamente restritivas e, em consequência, interrompam o consumo de alimentos com tipos específicos de gorduras, essenciais ao bom funcionamento cardiovascular", comenta o cardiologista Carlos Scherr, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Peixes selvagens e de água fria, assim como as nozes, são exemplos de alimentos ricos em lipídios que fazem bem. São gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas, também conhecidas como ômega-9 e ômegas 3 e 6, que ajudam na prevenção de doenças que afetam o coração. "A ingestão das boas gorduras de forma controlada proporciona uma reserva energética para o organismo, servindo como isolante térmico, auxiliando na utilização eficaz das proteínas e dos carboidratos e na sintetização de hormônios, por exemplo", explica o médico.

O especialista lembra ainda que a ingestão dos carboidratos complexos ricos em fibra também auxilia na redução do colesterol e na prevenção de doenças do coração. Isso porque são alimentos que ajudam no bom funcionamento do intestino e na diminuição do risco de diabetes tipo 2.

"Quando o assunto é restrição alimentar, é necessário ter cautela e procurar sempre por um especialista.
A orientação nutricional junto com a avaliação cardiológica do paciente, além de indicar os melhores alimentos para a manutenção da saúde, regula os impactos na saúde cardíaca", reforça Carlos Scherr.

Embora não seja necessário banir alimentos que são fonte de gorduras e carboidratos do cardápio, é preciso consumi-los de forma inteligente. "Se o indivíduo tem como objetivo prevenir problemas cardíacos, o ideal é consumir alimentos mais saudáveis durante a semana e permitir-se, no máximo, duas transgressões alimentares por semana e sempre em pequena quantidade", orienta o cardiologista.

Para ele, o consumo moderado e pouco frequente de lipídios e açúcares não é responsável pelo aparecimento de doenças cardiovasculares. "O que, de fato, leva a um quadro definitivo são hábitos alimentares ruins, persistentes, ao longo de anos, somados ao sedentarismo e piorados com o tabagismo e com o alcoolismo", alerta o especialista.

Já em relação ao paciente cardiopata, o médico lembra que, caso haja algum tipo de doença crônica, a recomendação da dieta deve ser levda à risca. "Pacientes com condições cardiovasculares devem ter atenção redobrada à qualidade do alimento ingerido e, principalmente, a quantidade. O indicado é contar com a orientação de um nutricionista junto ao cardiologista", diz Scherr..