A estimativa é de que existam cerca de 500 mil vítimas desse problema em todo o mundo. Comumente diagnosticada até os 10 anos de idade, a Síndrome de Duane, em cerca de 80% dos casos, atinge apenas um olho, mais frequentemente o esquerdo. Além disso, ela é mais comum nas mulheres do que nos homens.
Segundo pesquisadores das universidades King's College, de Londres, e Exeter, ambas na Inglaterra, a Síndrome de Duane é causada por uma mutação em uma das proteínas que colaboram para a formação de músculos e nervos do bebê durante a gravidez. O estudo realziado pelos ingleses mostra que essa mutação, provavelmente, ocorre em torno da sexta semana de gravidez.
De acordo com a oftalmopediatra Marcela Barreira, há um desenvolvimento inadequado de partes do tronco cerebral que controlam os músculos oculares "Existem seis músculos que controlam o movimento dos olhos. Cada músculo do olho recebe o comando para se movimentar dos nervos cranianos, que saem do cérebro. Na Síndrome de Duane, como o sexto nervo está ausente, os demais nervos podem tentar supri-lo, levando a movimentos oculares anômalos", explica a médica.
Para quem não sabe, existem três tipos da síndrome, que são diferenciadas pelas direções ou movimentos do olho.
O tipo 2 é a mais rara entre os pacientes com a doença, afetando cerca de 7% das pessoas diagnosticadas. Neste caso, o músculo mais comprometido é o reto medial, que movimenta o olho para dentro, para a direção do nariz. Ou seja, essa movimentação fica limitada. Por sua vez, o tipo 3 atinge 15% das pessoas com Síndrome de Duane e afeta ambos os movimentos oculares, tanto para fora quanto para dentro.
A doença congênita costuma estar associada ao estrabismo. Além disso, também pode levar à ambliopia. Para compensar o déficit na movimentação do olho, muitos pacientes tendem a girar a cabeça, o que também pode levar a problemas de postura ou a dores musculares.
Para que não evolua para problemas visuais mais graves, a Síndrome de Duane pode ser tratada por meio de cirurgia corretiva. Dependendo do grau de estrabismo da criança, o procedimento alcança um índice de sucesso de 79 a 100%. "Com uma cirurgia relativamente simples, conseguimos melhorar a posição da cabeça da criança, que tende a compensar o movimento irregular do olho; reduzir o estrabismo; reduzir a contração muscular do olho e melhorar o movimento do globo", explica Marcela Barreira..