Em nota enviada à imprensa nesta quarta, dia 4 de abril, a ESA explica que a perda se deve ao fato de que a água quente do oceano que circula abaixo da borda flutuante do continente antártico está acabando com o gelo fixado no fundo do mar.
Como a maioria das geleiras antárticas fluem diretamente para o oceano por meio de profundos canais submarinos, o local onde a base deixa o leito marinho e começa a flutuar é conhecido como linha de apoio em terra. Mas, como costumam estar localizadas a um km ou mais abaixo do nível do mar, não é possível ter acesso às linhas de apoio, nem com o uso de submarinos. Por isso, métodos de detecção remota são extremadamente valiosos, acrescenta a ESA.
A observação feita pelo CryoSat 2 foi publicada na revista científica Nature Geoscience e traça o movimento das linhas de apoio em terra ao longo de 16 mil km do litoral da Antártida. A pesquisa, dirigida por Hannes Konrad, do Centro para a Observação Polar da Universidade de Leeds, no Reino Unido, constata que, entre 2010 e 2017, foram derretidos 1.463 km² de gelo submarino no oceano Antártico.
Com a ajuda do satélite da ESA, os cientistas seguiram o movimento das linhas de apoio em terra da Antártida, para elaborar o primeiro mapa completo que mostra como a borda submarina está se separando do leito oceânico. E as mudanças mais significativas são vistas na Antártida Ocidental. Neste loca, mais de 1/5 do manto de gelo retrocedeu "a uma velocidade maior do que o ritmo da desglaciação desde a última Era de Gelo".
Segundo Hannes Konrad, o estudo mostra "claramente que está ocorrendo um retrocesso em toda a capa de gelo devido ao desgelo da sua base e não só naqueles pontos que tinham sido cartografados até agora". Este retrocesso teve um enorme impacto nas geleiras interiores, o que contribui para o aumento global do nível do mar, explica o cientista.
Os pesquisadores também comprovaram que, ainda que o retrocesso da geleira de Thwaites na Antártida Ocidental tenha se acelerado, o da geleira de Pine Island – que retrocedia numa velocidade mais acelerada – parou; isto sugere que sua base deixou de derreter. Estas diferenças apontam a natureza complexa da plataforma de gelo do continente, "por isso que a sua detecção nos ajudará a identificar as áreas em que devemos continuar pesquisando", completa o especialista da Universidade de Leeds.
(com Agência EFE e Agência Brasil)