Agora, após sofrerem mutação, as bactérias passaram a se alimentar de remédios. "Dez anos atrás, chegou-se a supor que as bactérias poderiam comer antibióticos e, na época, ficamos chocados", comenta o pesquisador Gautam Dantas, principal autor do estudo, que foi publicado na revista científica Nature Chemical Biology no dia 30 de abril deste ano.
"Mas, agora, isso está começando a fazer sentido. É apenas carbono, e onde quer que haja carbono, alguém descobrirá como se alimentar dele. Já que entendemos como algumas bactérias fazem, podemos começar a pensar em maneiras de usar essa habilidade para nos livrarmos dos antibióticos, que estão causando tantos danos", acrescenta o cientista.
O problema levantado pelo estudo americano é que essa "guerra" contra as superbactérias não precisa ser combatida apenas dentro de nossos corpos, mas também na água e no solo, graças aos resíduos de fazendas e da indústria farmacêutica. A pesquisa da Universidade de Washington se concentrou nas bactérias que vivem nesses ambientes, que rapidamente se tornam resistentes graças à constante exposição às substâncias e à capacidade natural de modificarem o próprio material genético.
Nas bactérias capazes de comer antibióticos, os pesquisadores descobriram que três diferentes conjuntos de genes foram ativados quando os animais infectados por elas eram medicados com penicilina. Por outro lado, nada aconteceu quando o animal recebeu açúcar ao invés de medicamento.
Futuramente, segundo os cientistas, essa capacidade poderá ser usada contra os próprios micro-organismos. Por exemplo, a bactéria Escherichia coli, muito conhecida por causar infecção gastrointestinal, se alimenta de penicilina e, com isso, poderá ser usada para "limpar" restos de antibióticos presentes no ambiente.