Especialistas alertam para a necessidade de detecção precoce dos melanomas. Os cânceres que afetam a pele são os de maior ocorrência no Brasil, representando cerca de 30% de todos os casos da doença – são 180 mil novos casos todos os anos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O melanoma é considerado o mais grave tumor de pele e tem grande potencial metastático, ou seja, de migrar para outras áreas do corpo. Entretanto, a chance de cura é de mais de 90%, se houver diagnóstico precoce. "É um câncer de fácil detectabilidade precoce: é só olhar se aquela pinta está ficando estranha e ir a um dermatologista para que ele possa avaliar. É claro que há áreas do corpo que a pessoa não consegue ver, como as costas, a nuca, o couro cabeludo. Ela pode pedir para alguém da sua família ver se tem alguma pintinha", comenta o oncologista Bernardo Garicochea.
Esse tipo de tumor surge com o crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina e dão cor e pigmentação à pele. Pessoas de pele e cabelos claros e com sardas são as mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade também é um fator que deve ser considerado, pois, quanto mais tempo de exposição ao Sol, mais envelhecida a pele fica.
Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida de prevenção, e isso vale desde a infância. Mesmo áreas do corpo não expostas diretamente ao Sol e menos visíveis, como o couro cabeludo, podem apresentar manchas suspeitas. "Usar protetor solar é o tipo de prevenção primária que se faz para melanoma, mas é especial para outros tipos de câncer de pele", alerta o oncologista.
Garicochea ressalta ainda que existe prevenção secundária. "Quem tem histórico na família, podem descobrir por meio do teste de DNA. Já os pacientes que não têm histórico familiar também podem apresentar um tipo de textura especial de pele, e ainda pele muito clara, por exemplo, e ter uma quantidade grande de pintinhas pretas. Nesse caso, a chance de uma delas se transformar é muito maior do que em uma pessoa que não tem nenhuma", afirma o médico.
De acordo com o especialista, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. "As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como 'abcd': assimetria, bordas irregulares, cor e diâmetro. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce".
Além dos cuidados essenciais, incluindo o uso do protetor solar e atenção ao período de exposição solar prolongada, pessoas com propensão a desenvolver o melanoma devem estar constantemente atentas, pois a doença pode surgir em áreas de difícil visualização. "Uma lesão aparentemente inocente pode ser suspeita aos olhos do médico. Métodos diagnósticos auxiliares, como biópsia e dermatoscopia, podem ser indicados. Além disso, pacientes que já tiveram um tumor de pele diagnosticado estão sob maior risco de apresentar recidiva e devem ser submetidos a exames dermatológicos periódicos", acrescenta Bernardo Garicochea.
Imunoterapia
O melanoma é o tipo de câncer que apresenta maior número de mutações genéticas no DNA das células tumorosas. Essas mutações podem confundir o sistema imunológico do paciente e dificultar a ação de terapias tradicionais. Por isso, a imunoterapia é um dos pilares no tratamento da doença.
"A imunoterapia é o tratamento que promove a estimulação do sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica. Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, em vez de mirar o câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e elas voltam a atacar o tumor como um inimigo. Metade dos pacientes consegue ter uma resposta muito boa com esse tratamento", afirma o oncologista.
(com Agência Brasil)
SAÚDE
Apesar de raro, melanoma é o câncer de pele mais perigoso
Excesso de exposição ao Sol e herança genética são as principais causas desse tumor
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