Existe uma estimativa de que 30% dos portadores de epilepsia não respondem ao tratamento convencional, feito com medicamentos anticonvulsivos. Neste caso, a doença é chamada de refratária. Para estes pacientes, a nova opção para controlar as crises e melhorar a qualidade de vida é o uso do canabidiol, produto derivado da maconha que tem alto índice de sucesso, especialmente em crianças.
Segundo um estudo publicado na revista científica Epilepsy & Behaviour, o canadibiol se provou eficiente no tratamento de 71% dos casos de epilepsia refratária em crianças e em 90% nos adultos. Em países como a Austrália, 15% dos pacientes já são tratados com o produto. Porém, no Brasil, a substância é de difícil acesso e alto custo. Atualmente, o canabidiol precisa ser importado com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A neuropediatra Andrea Weinmann comenta que os pacientes que sofrem com a epilepsia refratária demandam cuidados extras, já que têm risco de lesões mais graves ao longo do tempo.
Uma boa notícia para os brasileiros que se encontram nessa situação foi divulgada recentemente. Um laboratório da cidade de Toledo, no interior do Paraná, pode ser o primeiro produtor brasileiro de medicamento à base de canabidiol. O produto está em fase de testes clínicos e deve ser disponibilizado no mercado até o final de 2018.
"Essa é uma boa notícia para muitos pacientes. O canabidiol tem se mostrado uma opção muito boa para crianças e adolescentes com o quadro de epilepsia refratária e ter uma produção brasileira pode tornar esse tratamento muito mais acessível", afirma Andrea.
Ainda de acordo com a neuropediatra, atualmente, um dos tratamentos mais promissores para a epilepsia refratária é a Terapia de Estimulação do Nervo Vago. "Trata-se de um implante de um gerador de pulsos elétricos programáveis, que fica ligado a eletrodos que são conectados ao nervo vago cervical esquerdo. Podemos comparar o gerador a um marca-passo. Depois do implante, esse dispositivo irá enviar impulsos elétricos para o cérebro por meio do nervo vago para evitar as crises epiléticas", explica a especialista.
A técnica de neuroestimulação cerebral pode levar à redução de até 90% das crises epiléticas e é amplamente usada em países da Europa e nos Estados Unidos..