Neste sentido, entre as preocupações, figuram o crescimento desordenado das áreas urbanas, a falta de planejamento, a poluição e as alterações climáticas cada vez mais recorrentes. Porém, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, há também muitas razões de otimismo diante das lições aprendidas, dos avanços sociais e da evolução das tecnologias.
Marcos Freitas, coordenador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no início do século XXI, fez um prognóstico da crise hídrica pela qual passariam grandes centros urbanos nesta década. Ele, que já foi diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), costuma propor uma reflexão para seus alunos na disciplina de Vulnerabilidade Hidrológica: "A primeira coisa que eu faço com eles é mostrar que a água é um bem finito, embora seja renovável. Mas, a população cresce".
Com base nisso, entende que o cenário do semiárido tende a ser, curiosamente, de menor preocupação no futuro.
A situação começou a mudar, de acordo com o especialista, na década de 1960 com investimentos em infraestrutura, e a construção de barragens para guardar água, inclusive para construção de hidrelétricas. "Em 1938, seria muito difícil imaginar um avião levando frutas de altíssima qualidade de Petrolina , em meio ao sertão, por exemplo, para o exterior. Hoje, trata-se de um sucesso consagrado nessa agricultura que aproveitou o clima mediterrâneo, com solos de boa qualidade e restrição hídrica. A tecnologia foi melhorando e o desenvolvimento é bastante interessante. E isso era impossível para Graciliano Ramos prever", complementa o professor da UFRJ.
Marcos Freitas acrescenta que a região conhecida como "Matopiba" (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já produz mais grãos do que o sudeste. "A minha perspectiva para o nordeste é mais positiva do que no sudeste. O que não está sendo resolvida na velocidade adequada é a poluição das bacias da região", alerta.
(com Agência Brasil).