Estado de Minas SAÚDE

Exercícios não ajudam pacientes com demência, diz estudo

As atividades físicas chegaram a piorar o quadro das vítimas dessa doença degenerativa


postado em 17/05/2018 14:30 / atualizado em 17/05/2018 14:36

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um estudo polêmico realizado a pedido do Serviço Nacional de Saúde (National Health Service, ou NHS) do Reino Unido descobriu que os exercícios físicos não ajudam a retardar a progressão da demência nos estágios iniciais da doença, mas, ao contrário, poderiam acelerar a degeneração mental.

Sabendo que a prática rotineira de atividades físicas é importante e protege o organismo de inúmeras doenças, os pesquisadores da Universidade de Oxford, do Reino Unido, queriam saber se os exercícios seriam úteis também para pessoas já diagnosticadas com demência. Eles testaram uma rotina de atividades com o objetivo de melhorar o físico e a capacidade respiratória de vítimas da doença degenerativa, em estágio leve ou moderado. A ideia era que, se o resultado fosse positivo, a metodologia poderia ser usada pelo NHS britânico.

Embora a rotina de exercícios tenha melhorado a saúde física dos participantes, no curto prazo, isso não se traduziu em melhorias em relação à dependência diária dos pacientes com demência – incluindo a redução do risco de quedas – ou aumentou a qualidade de vida ou benefícios comportamentais.

"Há também a possibilidade de que a intervenção possa piorar a cognição", afirmam os autores no artigo científico que foi publicado no periódico BMJ, na quarta, dia 16 de maio.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem 47,5 milhões de pessoas em todo o mundo com demência, termo que representa uma série de sintomas que afetam a memória, o pensamento e o comportamento, mas que é comumente associado ao Mal de Alzheimer.

A pesquisa

No estudo, uma equipe formada por pesquisadores de Oxford e da Universidade de Warwick, também no Reino Unido, avaliaram 494 idosos – com média de idade de 77 anos – que eram pacientes de clínicas de memória em toda a Inglaterra.

Os cientistas criaram uma rotina de exercícios para 329 dos voluntários, enquanto os outros 165 receberam os cuidados recomendados para o tratamento da demência.

Após 12 meses, o teste de comprometimento cognitivo relativo – medido pela Escala de Avaliação de Mal de Alzheimer – constatou que o comprometimento médio aumentou para 25,2 no grupo que realizou as atividades físicas, enquanto no grupo de controle chegou a 23,8.

Os cientistas lembram que, embora o resultado tenha sido estatisticamente significativo, a pequena diferença sugere que o tipo e a intensidade do exercício precisam ser estudados mais a fundo.

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