Sabia que a circulação do vírus Influenza no Brasil é acompanhada pelo Ministério da Saúde por meio de uma rede de unidades "sentinelas", distribuídas em serviços de saúde e laboratórios de todos os estados? Um deles é o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O monitoramento é feito por meio do acompanhamento dos casos de síndrome gripal e respiratória aguda grave. "Permanecemos sempre alertas, verificando as semelhanças genéticas entre os vírus circulantes e as cepas utilizadas na produção de vacinas. Além disso, monitoramos possíveis traços de resistência aos antivirais usados no combate à infecção", destaca Marilda Siqueira, chefe do laboratório da Fiocruz, que integra também o Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o virologista Fernando Motta, da Fiocruz, a circulação dos diferentes subtipos do vírus varia ano após ano, podendo haver equilíbrio ou predomínio de alguma cepa. Nesse contexto, a vacinação é a principal forma de evitar o desenvolvimento de casos mais graves de gripe. "As vacinas são atualizadas para cada epidemia, e mesmo que apenas um componente seja alterado é importante renovar a vacinação. Outro aspecto desejado é o efeito provocado pela nova vacina, que reforça as defesas ativadas no ano anterior", pontua o especialista.
No dia 12 de maio, será realizada uma mobilização nacional pelo Ministério da Saúde, o chamado Dia D contra a gripe, com a disponibilização de 65 mil postos de vacinação e o envolvimento de 240 mil pessoas – como parte da Campanha Nacional de Vacinação Contra o Influenza.
"ABC"
Existem três tipos de vírus influenza: A, B e C. Os dois primeiros são responsáveis por epidemias sazonais em várias regiões do mundo, com circulação predominantemente no Inverno e, o último, causador de infecções mais brandas. O tipo A é classificado em ainda subtipos, como o H1N1 e o H3N2. "Todos os anos, as epidemias são provocadas por variantes de três vírus principais, que circulam na população humana, sendo dois do tipo A: influenza H1N1 e H3N2. E de influenza B, que não tem subtipos, mas sim duas linhagens: Victoria e Yagamata", explica a pesquisadora Paola Resende, que integra a equipe do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo. Mesmo com suas particularidades genéticas, todos esses subtipos do Influenza podem provocar os mesmos sintomas, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadiga.
Recentemente, o H3N2 ganhou destaque nos noticiários após atingir de forma intensa a população dos Estados Unidos durante o Inverno no Hemisfério Norte. "Não se trata de um vírus novo, o H3N2 infecta humanos desde 1968 e tem circulado de modo preponderante desde 2015 no Brasil e no mundo", esclarece Fernando Motta. No entanto, uma onda de boatos, que passou a circular pelas redes sociais, "pegou carona" nessa "notoriedade", propagando informações inverídicas de um suposto subtipo, que teria nome parecido (H2N3), e que estaria em circulação no país e poderia provocar uma pandemia. "Esse subtipo até existe, mas sua circulação está restrita a animais. Nunca foi identificado em humanos em nenhuma região do mundo", enfatiza o virologista.
O especialista da Fiocruz esclarece, ainda, que a origem das pandemias está relacionada aos rearranjos genéticos de cepas dos vírus Influenza a partir da mistura de vírus que afetam humanos e animais, assim como observado com o subtipo H1N1 em 2009. "A mutação pode acontecer no processo de replicação do vírus quando uma pessoa ou um animal está infectado por mais de um vírus ao mesmo tempo: numa situação de infecção de uma mesma célula por dois vírus Influenza distintos, a célula pode misturar o material genético dos vírus, dando origem a um novo vírus", comenta Motta. Esse processo difere da evolução pontual, relacionada às pequenas mutações que os vírus Influenza sofrem constantemente e que ocorrem naturalmente no ambiente.
Cuidados básicos
Ações básicas podem contribuir para reduzir as chances de contágio com os vírus Influenza. O uso de desinfetante para higienizar superfícies, o hábito de lavar as mãos adequadamente com água e sabão e o uso de álcool em gel são formas eficazes de inativar o vírus e evitar sua propagação. Hábitos como cobrir a boca e o nariz usando lenços ao tossir ou espirrar também são eficazes para reduzir a transmissão viral. O vírus é pouco resistente, perde sua capacidade infecciosa facilmente e permanece poucas horas no ar ou em superfícies como mesas e corrimões.
(com Agência Fiocruz)
SAÚDE
Fiocruz esclarece sobre os subtipos do vírus Influenza
A Fundação Oswaldo Cruz lembra que, no Brasil, circulam principalmente as cepas H1N1, H3N2 e B do vírus da gripe
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